Em Agosto de 2012, o Sutter Institute for Medical Research (EUA), em parceria com o Cord Blood Registry, o maior banco privado mundial de sangue do cordão umbilical, iniciou um ensaio clínico para utilização de células estaminais autólogas do sangue do cordão umbilical para tratamento do autismo.

 

Aprovado pela Food and Drugs Administration (FDA), o estudo pretende avaliar os doentes após a infusão de células estaminais do sangue do cordão umbilical. Depois deste procedimento, são analisadas alterações ao nível da linguagem e comportamento, tendo em conta determinações analíticas específicas.

 

Este estudo conta com a participação de 30 crianças, com idades compreendidas entre os dois e os sete anos, diagnosticadas com autismo. Estas crianças recebem duas infusões: uma com as células estaminais criopreservadas, do seu próprio cordão umbilical, e outra com placebo. Para que os resultados possam ser objetivamente analisados, nem os participantes nem a equipa médica que os avalia têm conhecimento do momento em que ocorrem as infusões.

 

Patrícia Benevides, médica especialista em criopreservação de células estaminais, explica que «a relação entre os sistemas imunitário e nervoso central de uma criança é extremamente complexa. Quando diagnosticadas com autismo, algumas crianças evidenciam uma disfunção no seu sistema imunitário, que pode provocar danos ou atrasos ao nível do desenvolvimento do seu sistema nervoso. Partindo deste princípio, este ensaio encontra o seu fundamento no facto de as células estaminais do sangue do cordão umbilical destes doentes poderem potenciar a modulação ou a reparação do seu sistema imunitário e, consequentemente, conduzir a melhorias ao nível do seu comportamento e linguagem».

 

Vários estudos anteriores parecem confirmar que a administração de células do sangue do cordão umbilical são suficientes para induzir a neuro-regeneração, pelo que se espera que as conclusões deste ensaio clínico venham enfatizar as potencialidades das células estaminais, também ao nível do tratamento de problemas no âmbito do autismo.

 

Estima-se que uma em cada 166 crianças sofre de perturbações do espetro do autismo. Estas perturbações traduzem-se em desvios na interação social do indivíduo, desfasamentos na linguagem verbal e não-verbal e comportamentos obsessivos e repetitivos.

 

O diagnóstico pode ser feito precocemente, entre os 12 e os 18 meses de idade, mas de forma mais definitiva entre os 24 e os 36 meses.

 

Maria João Pratt

 

Fonte: http://clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT01638819