O vírus está geralmente presente em líquidos corporais, como a saliva, urina, sangue, leite, fezes, secreção vaginal e líquido cefalorraquiano. O recém-nascido pode contrair a infeção no momento do parto, através das secreções vaginais ou por contacto pós-natal, através do leite materno. Em grande parte dos casos, o bebé infetado permanece assintomático, mas a infeção inicial pode causar graves problemas de saúde, no que respeita à audição, visão e atraso no desenvolvimento mental.

A suspeita clínica de infeção materna por Citomegalovírus deve ser confirmada pelo diagnóstico laboratorial, através de métodos de ELISA, um teste imunoenzimático que permite a deteção de anticorpos da classe IgG e IgM, sendo a sua sensibilidade e especificidade muito próxima de 100%. O teste é baseado na pesquisa e doseamento dos anticorpos das classes IgM e IgG, produzidos pelo organismo em resposta a um agente infeccioso. Os anticorpos IgM são geralmente os primeiros a ser produzidos como resposta a uma infeção e são detetados no espaço de uma a duas semanas após a exposição inicial ao vírus.

Estes permanecem por um período de tempo mais reduzido, normalmente desaparecem entre três a seis meses após a infeção, enquanto os anticorpos IgG predominam por períodos mais longos, por vezes durante toda a vida do ser humano. Assim, a presença de anticorpos IgM é indicativa de infeção recente e a presença de IgG aponta para a existência de uma infeção crónica.

Se a IgM for não reativo ou negativo e a IgG reativa ou positivo é indicativo que a gestante já teve contato com o vírus anteriormente e o risco de transmissão é reduzido. IgM e IgG não reativos ou negativos revelam que a gestante nunca esteve em contacto com o vírus, logo devem ser tomadas todas as precauções de forma a evitar esse contacto e caso a IgM e IgG surjam como reativos ou positivos, o médico assistente deve solicitar um teste de avidez, cujo resultado, se for inferior a 30% (baixa avidez), revela que existe um risco elevado de infeção do feto durante a gestação. A infeção grave por CMV é confirmada quando obtido nos resultados laboratoriais IgM reativo ou positivo e IgG não reativo ou negativo.

A infecção por CMV contraída durante a gravidez deve ser tratada o mais rapidamente possível, de forma a evitar o contágio do feto através da placenta ou no decorrer do parto. O primeiro órgão a ser infetado é a placenta, local onde o vírus se reproduz. A placenta age ao mesmo tempo como barreira e como reservatório que pode libertar o vírus na circulação fetal.

A ecografia obstétrica é também um método disponível para avaliar o bem-estar do feto, constituindo um ótimo instrumento de rastreio do impacto da infeção fetal por CMV. Em caso de presença do vírus, será visível na ecografia o aumento da espessura placentar associada a um aspeto globalmente heterogéneo, por vezes com calcificações que coexistem com zonas hipoecogénicas.

Por Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica

Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica