A Toxoplasmose, uma infeção causada pelo Toxoplasma Gondii (um parasita cujo hospedeiro definitivo são os gatos), pode afetar inúmeras mulheres a nível mundial, raramente causando doença.

No ser humano, o contágio com o Toxoplasma Gondii ocorre geralmente por via oral, na sequência do contacto com dejetos de gatos ou pela ingestão de carne de vaca, porco ou borrego (que tal como o homem, são hospedeiros intermediários) que não tenha sido devidamente cozinhada. No entanto, a doença não é transmissível de pessoa para pessoa.

O quadro clínico de uma infeção por Toxoplasma Gondii corresponde aos de um síndrome febril com calafrios, dor muscular e sinais de atingimento hepático. Na gravidez é uma infeção, que embora geralmente assintomática para a mãe, pode ser muito perigosa para o feto. A transmissão transplacentária, que ocorre apenas quando a gestante sofre infeção primária por T. Gondii durante a gravidez, tem várias formas de apresentação: No caso da infeção ter ocorrido antes da conceção (oito ou mais semanas antes) o risco de contaminação fetal é extremamente baixo.

O risco de transmissão transplacentária aumenta ao longo da gravidez, passando de 15% nos primeiros três meses para 60% no último trimestre. No entanto o risco de morte fetal e/ou de lesões graves é inversamente proporcional à idade gestacional.

O rastreio da Toxoplasmose deve ser realizado no período pré-natal, através de uma colheita simples de sangue a partir de uma veia do antebraço materno. A pesquisa de anticorpos específicos através de testes serológicos constitui o método habitualmente utilizado para a confirmação do diagnóstico e ou imunidade para a Toxoplasmose.

São frequentemente utilizados testes de imunofluorescência indireta ou testes imunoenzimático (ELISA) detetando anticorpos da classe IgG e IgM. O diagnóstico de infeção aguda é feita pela demonstração da presença isolada de anticorpos IgM permitindo avaliar o risco de transmissão para o feto. Os anticorpos IgG, no caso da infeção aguda, aumentam após duas semanas do início da infeção.

As gestantes que revelem imunidade na consulta pré-natal ou em situações de gravidez anterior, não necessitam de repetir o exame durante a atual gravidez. A maioria das mulheres desenvolve imunidade ao longo da vida, mas em situações de infeção durante a gravidez, o feto poderá ser infetado e poderá desenvolver complicações graves como cegueira ou atraso mental. Para evitar o contágio por Toxoplasmose, a gestante deverá redobrar os cuidados de higiene e evitar o consumo de carne crua ou mal passada e de todo tipo de alimentos crus, mal cozinhados ou mal lavados.

Para as gestantes que não apresentaram imunidade, devem efetuar o rastreio da Toxoplasmose a cada três meses, de forma a possibilitar a realização de um diagnóstico precoce.

Por Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica

Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica