O obstetra francês Michel Odent acredita que a forma como nascemos tem repercussões a longo prazo nas nossas vidas. Com experiência de mais de 50 anos a assistir partos em hospitais e em casa, o médico continua a percorrer o mundo para falar aos profissionais que lidam com o parto sobre o que a ciência está a descobrir sobre o amor e o nascimento.

Numa entrevista exclusiva ao guia A Nossa Gravidez, o médico explica como o papel das hormonas é essencial no funcionamento do trabalho de parto.

«A adrenalina é uma hormona de emergência que os mamíferos, incluindo os mamíferos humanos, libertam, por exemplo, quando estão assustados, quando se sentem observados e quando sentem frio», refere Michel Odent, explicando que na presença da adrenalina não é possível libertar ocitocina, a principal hormona presente no parto fisiológico, também chamada "hormona do amor”. Esta hormona ajuda na contração do útero, no nascimento do bebé e na saída da placenta. É também libertada no processo da amamentação e durante as relações sexuais.

O AMBIENTE DO PARTO

Segundo Michel Odent, existe um conjunto de estratégias que facilitam a libertação de hormonas no parto. Para tal, a mulher deverá alcançar um estado de irracionalidade e de alheamento, pelo que durante o parto necessita de silêncio, de segurança, de privacidade, de não sentir frio e de não estar sujeita a luzes fortes.

Mesmo no contexto hospitalar, a mulher deve procurar reunir as condições para um «ambiente favorável» ao parto, recomenda o médico francês.

Texto: Ana Margarida Marques

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