A infeção resulta da invasão dos tecidos de um organismo hospedeiro por parte de agentes externos (bactérias), cuja multiplicação e reação dos tecidos do hospedeiro aos mesmos e às toxinas por eles produzidas provocam doenças comummente designadas Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST).

A clamídia é uma Infeção Sexualmente Transmissível (IST) causada pela bactéria Chlamydia trachomatis e pode ser transmitida por contacto sexual ou de mãe para filho no decorrer do parto. As pacientes infetadas com clamídia são muitas vezes assintomáticas, podendo a infeção passar despercebida e não tratada, o que pode levar a várias complicações como, doença pélvica, infertilidade e complicações durante a gravidez. Cerca de 20% das mulheres apresentam sintomas inespecíficos como corrimento, ardor e micções frequentes.

A principal complicação da infeção por clamídia é a progressão da bactéria em direção ao útero, trompas e ovários, provocando uma grave infeção designada Doença Inflamatória Pélvica, que nos casos clínicos mais graves pode provocar infertilidade, gravidez ectópica ou oclusão das trompas e dor pélvica crónica.

Nas gestantes, as infeções por clamídia podem originar o parto prematuro e o bebé apresentar a mesma infeção e desenvolver doenças precoces, como pneumonia e conjuntivite.

As DST são um problema de saúde pública, pelo que o rastreio é fundamental. Tem como objetivo principal identificar e tratar pessoas infetadas a prevenir complicações e reinfeções, bem como a pesquisa em torno de novas metodologias de diagnóstico. Todas as grávidas devem fazer o rastreio para esta infeção durante o segundo trimestre da gravidez, segundo indicações da Direção-Geral de Saúde.

Muitos dos microrganismos das IST não são detetados pelos métodos habituais (serologia e cultura). Novas técnicas de biologia molecular, em amostras de exsudados genitais e urina, permitem hoje grandes avanços no diagnóstico.

A deteção da clamídia é executada através da técnica de PCR (Reação em Cadeia de Polimerase), que vai analisar uma amostra de urina ou material colhido para o despiste da presença de ADN da Clamídia nas secreções vaginais ou urina.

A visualização do produto amplificado é possível graças ao uso de uma nova plataforma tecnológica, baseada em matrizes de baixa densidade: CLART® (Clinical Array Technology). Este tipo de metodologia permite ainda deteção de outros microrganismos (coinfeção) igualmente envolvidos nestas infeções como Neisseria gonorrhoeae e Mycoplasma.

Por Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica

Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica
Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica