O bullying é um tema atual que interessa a qualquer pai que se preocupa com a saúde e o bem-estar dos filhos.

 

Margarida Novais tem 36 anos e é mãe de Gonçalo, um menino de seis anos, que começou a ser acusado de bullying pelos pais de outras crianças que frequentam o mesmo infantário.

 

«É verdade que, por vezes, as educadoras contavam-me que ele tinha batido num colega, mas segundo elas, o meu filho não batia mais do que os outros e até consideravam exagerada a posição dos pais», desabafa a mãe do pequeno.

 

«No entanto, os pais cultivaram esta ideia de tal forma, inclusive junto dos filhos, que o Gonçalo passou a ser apontado pelos outros meninos como a criança que bate em todas as outras. Decerto ele interiorizou essa ideia e tornou-se mais violento. Há dias, ele ficou tão excitado quando o meu marido lhe disse que íamos brincar para o parque que, num reflexo desse entusiasmo, deu uma bofetada ao pai», acrescenta.

 

Preocupada com a situação do filho, Margarida Novais tem procurado descobrir o que deve fazer para corrigir o comportamento do filho e protegê-lo da pressão psiclógica que está a sofrer por parte dos colegas, ao ponto de ter procurado obter respostas do psicólogo Vítor Rodrigues. «Acerca do seu filho importa compreender até que ponto ele se mostra mesmo violento», começa por realçar o especialista, que aconselha os pais nesta situação a fazer uma análise profunda do problema.

 

«Uma coisa é bater tanto como e outra é o caráter das agressões, qua podem ser mais ou menos graves. É importante falar com ele mas também perceber até que ponto encontra recompensas, mesmo que não sejam evidentes, por executar comportamento agressivos», sugere Vítor Rodrigues.

 

«Nesse caso, tais recompensas devem ser-lhe retiradas e deve ser dada atenção aos comportamentos mais pró-sociais para, então, manifestar apreço por eles e pelo modo como ele vai aprendendo a afirmar-se, expressar o que sente, o que pensa, do que gosta e não gosta, de forma não agressiva, colaborante e até carinhosa», recomenda ainda este profissional.

«Por outro lado, a minha experiência e alguma leituras parecem demonstrar que as pessoas costumam ficar agressivas quando uma ou mais, entre poucas coisas, estão presentes, nomeadamente frustação (a qualquer nível), sensação de invasão de privacidade, de desrespeito pelo espaço próprio (seja físico ou simbólico) e/ou dor, sofrimento (seja físico ou psicológico)», enuncia o psicólogo.

 

Por vezes, o medo agrava o problema pelo que lhe compete agir.

 

Além de que, em alguns casos, as pessoas são de certo modo recompensadas pela violência, que pode ser, por exemplo, apreciada por alguém que acham importante. «Em todo o caso, o seu filho é muito pequeno. Poderá haver algo que ande a frustá-lo especialmente? A fazê-lo sentir-se mal?», interroga.

 

O comportamento da criança poderá também ter motivações decorrentes de fatores aparentemente inofensivos, como os desenhos animados que vê, os jogos a que tem acesso ou as cenas a que assiste. Se for o caso, deve mostrar-lhe, numa aprendizagem por observação, que a violência não compensa nem é um bom meio de obter o que se pretende. «Resta, como é evidente, e se o problema se mantiver, a hipótese de recorrer a um terapeuta para ir mais longe na avaliação e resolução do problema», sugere Vítor Rodrigues.