Os mitos em volta da gaguez são muitos: “O susto provoca a gaguez”, “A gaguez é um problema de respiração” ou “A criança gagueja porque é nervosa”. Outro mito igualmente frequente é a atribuição de causas emocionais, devido a comportamentos que a mãe e / ou o pai tiveram com o filho, contribuindo para a gaguez como uma causa do foro psicológico por ex.: divórcio ou ausência de um dos pais.

 

Os estudos mais recentes permitem-nos dizer: “Não se trata de nada disso!” Há causas? Sim. Genéticas; neurofisiológicas; linguísticas e ambientais, por isso não peça à criança/adolescente/adulto: “respira fundo”, “fala devagar”, “pensa antes de falar”, “tu quando queres sabes falar!”… a ‘culpa’ não é deles.


Gaguez na infância – a importância da intervenção precoce

 

A gaguez surge tipicamente entre os 2 anos e os 4 anos de idade, e é mais frequente nos meninos, numa proporção de 3 meninos para 1 menina. No início observam-se repetições de sons, sílabas ou palavras, depois prolongamentos e em seguida podem aparecer bloqueios, estes últimos com um nível de tensão cada vez maior. Mas há crianças que desde o início “lutam” para que as palavras saiam e chegam mesmo a chorar devido à frustração que “o não sair” das palavras lhes provoca.

 

Se não há na família parentes que gaguejam, então a atenção recai sobre: há quanto tempo surgiu a gaguez? Surgiu há mais de seis meses e tem-se vindo a agravar? Os estudos indicam que uma criança que gagueja há um ano de modo persistente, a probabilidade de a gaguez desaparecer por si diminuiu muito.

 

Se na sua opinião, uma criança na sua família, não consegue falar sem repetir ou prolongar sons, sílabas ou palavras, há mais de seis meses, e por vezes as palavras não saem e/ ou também quando fala vê-se que “pisca os olhos” ou “abana a cabeça” e isso “parece” ajuda-la a falar, então já há vários sinais de alerta que deveriam ter uma resposta especializada.


Gaguez na adolescência – ainda há algo a fazer?

 

Há. Por um lado, algumas técnicas de intervenção só são possíveis de ser aprendidas quando somos mais velhos. Por outro, as exigências linguísticas não são nem menores, nem maiores, são diferentes.

 

Uma pessoa com gaguez pode lidar muito bem com a sua gaguez no geral exceto em situações muito específicas: quando tem de apresentar um trabalho na escola; quando teimam em lhe telefonar em vez de lhe enviar um SMS; quando lhe pedem para ler; quando lhe dizem que para entrar naquele curso tem que passar por uma entrevista… esses, entre muitos outros, são OS momentos complicados!

 

NOTA: Escrevo ‘pessoa com gaguez’ e não ‘gago’, pois essa pessoa tem muitas outras características para além de que por vezes gagueja.

 

Qualquer tipo de duvida que queira ver esclarecida por favor contacte Jaqueline Carmona através do seguinte email: jaqueline.carmona@pin.com.pt

 

Jaqueline Carmona
Terapeuta da Fala, Especialista em Disfluência (Gaguez) e Linguista
PIN - Progresso Infantil