Por volta dos quatro meses o bebé prova a sua primeira papa.

 

As de compra são, muitas vezes, as escolhidas pelas mães, embora em geral «contenham mais açúcares e sejam menos nutritivas do que as feitas em casa», segundo um artigo do British Medical Journal.

 

Algumas têm adição de açúcar e sal para realçar o sabor, a textura e para prolongar a validade do produto, o que «faz com que os bebés se habituem aos sabores doce e salgado em detrimento da sopa ou da fruta, sem adições», explica Ricardo Gonçalves, nutricionista. Mesmo assim, é possível encontrar boas opções no mercado. Ao escolher deve ter em conta, sobretudo, a quantidade de açúcar e de sal.

 

Os fatores a ter em conta:

 

- Nutrientes

A papa deve, preferencialmente, ser constituída por hidratos de carbono e proteínas. Deve conter vitaminas A, B, C, E e PP, iões e minerais como cálcio, ferro, fósforo e potássio.

 

- Açúcar

A adição de açúcar não deve exceder 10 por cento do total de calorias ingeridas ao longo do dia, pelo que deve optar por papas sem este ingrediente. Se escolher uma papa com açúcar, a quantidade deve ser inferior a 20 por cento do total de calorias. Por exemplo, em 100 g de produto, o valor de hidratos de carbono, dos quais açúcares, deve ser inferior a 20 g.

 

- Sal

Prefira produtos sem sal ou com um valor inferior a 130 mg de sódio por 100 g.

 

- Sabor

A primeira papa do bebé não deve ter um aroma específico, devendo ser apenas de cereais. Após a introdução da sopa, pode iniciar as papas de fruta. Escolha sabores suaves e naturais, como a pera, banana e maçã, pois são igualmente os frutos que geralmente têm menor risco de reações adversas. À medida que introduz novos alimentos, é importante promover a variedade, para garantir que o bebé tem acesso a todos os nutrientes necessários.

 

3 (outros) aspetos a considerar:

 

1. Os ingredientes que aparecem em primeiro lugar no rótulo são os que estão presentes em maior quantidade.

 

2. Pelo menos, até aos seis meses de idade, deve escolher uma papa sem glúten.

 

3. O açúcar pode ter diferentes designações no rótulo. Xarope de milho, xarope de cana, açúcar mascavado, dextrose e frutose são algumas delas.

Láctea ou não láctea? Qual a melhor opção?

 

Os dois tipos de papa existentes diferem no modo de preparação. A papa láctea inclui leite na sua composição e prepara-se com água.

 

A não láctea deve ser preparada com o leite que oferece habitualmente ao bebé, como o leite materno ou uma fórmula adaptada.

 

No entanto, não existe uma opção melhor que a outra. Caso a criança necessite de um leite especial, por exemplo, por ter alergia às proteínas do leite de vaca, deve optar por uma papa não láctea e usar o leite adaptado.

 

O especialista responde:

 

- As papas vendidas em farmácias são melhores?

 

«A evidência científica não demonstra que as papas vendidas em farmácias e parafarmácias sejam melhores do que as disponibilizadas em supermercados. No entanto, o médico pediatra pode aconselhar uma papa específica, que exista apenas em farmácias, por serem mais específicas em alguns ingredientes, sendo fórmulas adaptadas para deficiências enzimáticas ou desenvolvidas para situações de alergia», explica Ricardo Gonçalves, nutricionista.

 

- Há uma altura do dia ideal para dar a papa?

 

«Não há evidência científica que demonstre a hora do dia ideal para o consumo de papas. Normalmente cada pediatra aconselha um horário dependendo da especificidade de cada criança», adianta o especialista.

 

- Porque é que as papas dos bebés não têm glúten?

 

«Porque se o bebé tiver doença celíaca (intolerância ao glúten) e consumir papas com esta substância as consequências serão mais graves até aos seis meses. A imaturidade do aparelho digestivo do bebé tolera mal a ingestão de glúten, podendo determinar graves perturbações gastrointestinais, difíceis de tratar ou de controlar, sobretudo nos primeiros meses vida», conclui.

 

Texto: Stela Martins com Ricardo Gonçalves (nutricionista)