A infanta D. Maria Francisca de Bragança, filha dos duques de Bragança, prepara-se para subir ao altar no dia 7 de outubro. A cerimónia da duquesa de Coimbra com Duarte de Sousa Araújo Martins acontecerá no Convento de Mafra. Há 28 anos que Portugal não assiste a um casamento de uma casa real nacional e, por isso, espera-se que esta venha a ser uma grande festa.

Alberto Miranda, especialista em famílias reais, com quem estivemos à conversa, não resistiu em recordar o casamento de D. Duarte com Isabel Herédia, que juntou centenas de pessoas no Mosteiro dos Jerónimos a 13 de maio de 1995.

"O casamento dos duques de Bragança foi uma enchente, uma festa popular com as pessoas a gritar 'viva o rei'", lembra.

"Durante todo o século XX, a família real, como tinha sido exilada em 1910, não se casou em Portugal. Portanto, o casamento dos duques de Bragança foi o primeiro casamento da família Bragança no século XX. Eis que, 28 anos depois, chega o segundo", nota.

Para Alberto Miranda, a curiosidade à volta do enlace não surpreende. O especialista realça que a partir do casamento dos duques de Bragança, o público fez questão de acompanhar o crescimento dos filhos. "Todos os nascimentos foram notícia de telejornal, ou seja, os portugueses acompanharam o crescimento dos infantes", sublinha.

"Os batizados também foram festas populares. O D. Afonso foi batizado na Sé de Braga, o [batizado] da D. Maria Francisca foi em Vila Viçosa, que é a sede dos bens privados da família. Depois, o batizado do D. Dinis foi no Porto e foi também uma festa com várias figuras internacionais da realeza presentes. Essas figuras também são esperadas agora para o casamento", sublinha.

Como outros casamentos reais, a lista de convidados é extensa. Alberto Miranda relembra que "a lista de convidados não está divulgada", mas que "D. Duarte é primo da realeza de toda a Europa". "D. Duarte é primo dos soberanos do Luxemburgo, do Liechtenstein e da Bélgica. Depois há os alemães. Ele é primo direito de muitas cabeças coroadas", faz saber.

O casamento será igualmente uma oportunidade para ver os duques de Bragança, que são bastante contidos no que à exposição pública diz respeito, postura que é compreendida por Alberto. "São pessoas que prezam a discrição, que trabalham em prol dos demais, mas que não têm necessidade de embandeirar o trabalho que fazem. É a postura da discrição. A caridade não se envaidece, faz-se, trabalha-se, mas não se vangloria", defende.

Ora, se há muita gente entusiasmada com o enlace, também não faltam pessoas que criticam a atenção que será dada ao casamento, sobretudo pelos meios de comunicação social. O tema foi alvo de reflexão por parte de Alberto Miranda, que defende o lado "aspiracional" da realeza, o que pode explicar o fascínio do público.

"Como é que se explica este fascínio por estes temas? Porque é que as televisões deram destaque, por exemplo, à morte de Isabel II e à coroação de Carlos III? Somos uma República e, no entanto, estes temas despertam um interesse na população. Poderá haver quem não concorde, não goste, faça troça, mas há um grande interesse acerca desta temática que é a realeza. Pela Europa fora há muitas casas reais não reinantes que despertam esta curiosidade com os casamentos. Um casamento real galvaniza, entusiasma, desperta curiosidade. Há uma aura de magia e de sonho", reflete.

Recorde-se que a infanta Maria Francisca e Duarte de Sousa Araújo Martins ficaram noivos em Timor, no início de dezembro do ano passado. Duarte, sublinhe-se, é neto materno do arquiteto e pintor de arte sacra João de Sousa Araújo. Advogado de profissão, dedica-se igualmente a causas sociais, à semelhança da infanta.

A infanta D. Maria Francisca de Bragança, a única filha do duque de Bragança, herdeiro pretendente da coroa portuguesa, foi a segunda a nascer da união entre D. Duarte Pio de Bragança e Isabel de Herédia. Os duques são ainda pais de Sua Alteza Real, o príncipe D. Afonso de Santa Maria de Bragança, príncipe da Beira, e do infante D. Dinis de Santa Maria de Bragança, duque do Porto.

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