Pedro Hossi viveu momentos marcantes ao longo da sua vida e que foram tema de conversa com Daniel Oliveira.

Ao recordar a infância, destacou: "Todos temos traumas, eu também tive. Cresci sem um pai. Mais tarde, entrou um homem na vida da minha mãe que foi uma pessoa que até hoje cumpre esse papel. Mas não tive um pai presente, tive um avô que me deu amor de avô".

Ainda assim, sente-se um "sortudo" porque, apesar do "dinheiro ter sido contado", cresceu rodeado de "muito amor".

Questões em que a terapia tem sido uma grande "ajuda", especialmente depois de ter perdido dois irmãos. Aconteceu pouco depois de se ter mudado para Los Angeles.

"Não tem como falar da minha passagem por Los Angeles sem falar disso", afirmou, referindo-se à partida da irmã mais nova, que tinha na altura 19 anos "Lembro-me de ter acordado e ter 57 chamadas não atendidas. Depois são essas coisas que ficam. [...] Sabia que algo trágico tinha acontecido, olhando para quem me tinha ligado - amigos, família", recordou.

"A natureza humana é tramada. Tive de comprar um bilhete de avião, tratar de coisas práticas para me deslocar para Lisboa. E depois foi tudo horrível, ter que ver a minha mãe... Acho que é contra natureza. Não sou nem mais, nem menos, faz parte do meu currículo nesta vida", desabafou, não deixando de partilhar também que as memórias que guarda da irmã "são incríveis".

E apesar da viagem para Portugal ter sido "horrível", a forma como foi recebido por um grupo de amigos no aeroporto quando chegou é outra memória que guarda no coração.

"Não há nada que possas dizer a alguém... Um pai que perdeu um filho, o que é que tu dizes? Podes oferecer a tua presença, só isso", disse ainda.

"Aquele primeiro Natal depois da partida da minha irmã foi das coisas mais escuras. Horrível. Mudou-nos a todos nós, para sempre. Mas verdade é que a vida depois segue. Somos obrigados a pôr um pé enfrente e continuar", confessou depois, realçando que a irmã "faz parte do seu exército de anjos que o protegem".

Mas os dias marcantes não ficam por aqui. Passado um ano de ter ficado destroçado com a morte da irmã, o irmão morreu num acidente de mota. Na altura também estava em Los Angeles.

"Recebi um telefonema que dizia algo do género: 'O teu irmão teve um acidente de mota, não foi bom, está no hospital, e o cenário não é o melhor'. E eu sabia... Percebi que aquilo era uma forma de introduzir um tema que era 'prepara-te'. Perdi o meu irmão. Horrível", recordou.

"A partir do momento em que temos perdas dessas, olhámos para a vida sem muitos rodeios e percebemos qual é a importância de estar aqui. É realmente importante a vida, o estar vivo, viver com vontade de viver e com energia, e atacar os problemas que têm de ser atacados, ter as conversas difíceis", refletiu no 'Alta Definição', da SIC.

Ainda durante a conversa com Daniel Oliveira, destacou: "Não me lembro de em momento algum me ter questionado se valia a pena continuar vivo. Nunca".

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