Na sua primeira grande entrevista enquanto mulher do presidente Nicolas Sarkozy e primeira-dama de França, a cantora italiana Carla Bruni dirige uma mensagem conciliatória aos "súbditos" mais desconfiados: "Tenho 40 anos, sou normal, séria, consciente, simples, mesmo sendo uma privilegiada. Sou honesta, mãe de um rapazinho, escrevo canções e sou esposa do presidente desde há duas semanas (...) Farei o meu melhor."

É um longo e bom depoimento de Carla Bruni. As perguntas dos jornalistas da revista "L'Express", que teve o mérito do exclusivo, são bastante suaves, ma s as respostas da entrevistada são muito interessantes e revelam uma mulher politicamente madura,

Interrogada sobre como encara a sua nova função de primeira-dama, Carla responde de forma directa e clara: "Encaro a função com dificuldade. Não calculei, não previ nada. Nunca me casei antes. Sou de cultura italiana e não gostaria de me divorciar. Sou, pois, a primeira-dama até ao fim do mandato de meu marido e sua esposa até à morte. Sei que a vida nos reserva surpresas, mas este é o meu desejo."

Porquê um casamento quase secreto no Eliseu, longe dos fotógrafos? Aí, Carla Bruni responde de uma forma muito hábil e, porventura, sentida: "Porque tudo o que não se esconde é considerado encenação. Eu desejava casar-me com o homem que amo, no momento que nós escolhemos. Pouco importa o décor, foi um verdadeiro casamento - o nosso casamento. Dissemos sim. No dia seguinte, hesitámos em sair por causa dos fotógrafos, mas o tempo estava lindo... A minha viagem de núpcias foi um passeio de vinte minutos no parque do castelo de Versalhes... Maravilhosa viagem de núpcias, mesmo assim."

Nesta primeira entrevista, que os próprios jornalistas de "L'Express" consideram o grande baptismo político de Carla Bruni, a cantora revela que vai para a frente com o disco que já está a preparar, mas que distribuirá as receitas dos "royalties" por instituições carenciadas. Não gravará mais nenhum álbum até ao fim do mandato do marido e vai cancelar um concerto que estava a ser programado para Paris.

Tudo somado, Carla apresenta-se nesta entrevista como mulher apaixonada e pronta a assumir as suas responsabilidades ao lado do presidente da França.