Era um dia importante na vida de Miguel Stanley. O dia em que a SIC apresentava aos jornalistas o seu novo programa
de televisão, «Dr. White». «Têm de lá estar», disse-nos.

Após a visualização do trailer não tivemos dúvidas. O nome do programa não é
coincidência. Para o produzir, o médico dentista inspirou-se em séries como «Dr. House» e «CSI», contou-nos, já nas novas instalações da
sua clínica White, em Miraflores.

Membro do conselho de especialistas da saber viver desde 2006, abriu-nos as portas da sua nova casa,
mostrou-nos
gabinetes e salas de tratamento «topo de gama» e exibiu com orgulho o livro exposto na receção, «The Rolls-Royce Enthusiasts' Club –
2012 Yearbook», que dedica duas páginas à sua clínica. Ao longo de quase uma hora falou-nos de um sonho que nasceu há dez anos, do seu dia
a dia e dos planos para o futuro.

Como surgiu a ideia para o programa
«Dr.White»?

O programa é um reflexo daquilo que
fazemos no dia a dia na clínica White,
um projeto que idealizei em 2001. Muito
pacientemente fui construindo uma
equipa que hoje é reconhecida a nível
mundial.

Inspirou-se em algum programa já
existente?

O meu primeiro programa «Doutor,
Preciso de Ajuda», exibido na TVI, entre
2006 e 2008, teve por base formatos
como o norte-americano «Extreme
Makeover», o inglês «The Swan» e o
italiano «Bisturi», mas posso dizer que
não há nada que se compare com «Dr.
White», quer em termos do leque e do
volume de tratamentos efetuados, quer
pelo facto da equipa médica trabalhar na
mesma clínica.

O que acontece em cada episódio?

Cada programa tem um início, meio e
fim. Não temos de esperar pelo próximo
para ver o que acontece. Dois candidatos
são analisados pela equipa médica.
Seguem-se os vários tratamentos e,
como é um programa bastante humano,
acompanha a mudança emocional das
pessoas e a reconquista da confiança e da
autoestima, terminando numa situação
apoteótica com toda a família.
É integralmente filmado na clínica
White, à exceção das cirurgias que são
realizadas no Hospital dos Lusíadas.

Quanto tempo demorou a fazer cada
episódio?

Os 56 candidatos foram acompanhados
em simultâneo ao longo de seis meses.

Como decorreu o processo de seleção
dos concorrentes?

Houve uma pré-seleção que resultou em
cerca de 150 pessoas. Depois, a partir
de um método de classificação, a minha equipa médica chegou aos 56 candidatos
que, acima de tudo, são boas pessoas,
com boas histórias e que mereciam estes
tratamentos.

Qual o caso que mais o marcou?

São todos especiais à sua maneira, mas o
Nelson Moreira, do primeiro programa,
um homem desempregado com muito
pouca autoestima e que nasceu com lábio
leporino, foi uma pessoa que literalmente
reinventámos.

Quais são os principais problemas das
pessoas que o procuraram?

O principal problema é dentário, essa é a
grande diferença entre este programa e o
formato norte-americano. Depois temos
pessoas sem cabelo, sem peito, jovens
mulheres que não vão à praia porque não
se sentem confortáveis com o seu corpo
e toda a vertente da cirurgia plástica e
reconstrutiva.

Os tratamentos foram oferecidos pela
sua clínica?

Sim. Tivemos parceiros muito fortes que
nos cederam máquinas e tecnologia, mas
o maior investimento foi feito pelas horas
que os médicos deram a este programa.
O doutor Tiago Baptista Fernandes foi
inexcedível com as cirurgias que fez,
alcançou resultados inacreditáveis e não
teve uma única complicação cirúrgica,
a doutora Leonor Girão, os médicos
dentistas, a doutora Iara Rodrigues, com
uma abordagem baseada nas intolerâncias
alimentares... O empenho da equipa é
incalculável.


Veja na página seguinte: A percentagem de clientes que Miguel Stanley recusa

O que podem os telespetadores aprender
com este programa?

Que as consultas de 20 em 20 minutos
não funcionam.

Vão ver como um
tratamento deve ser feito e também
aprender a dar prioridade à saúde e deixar
de olhar para a cirurgia estética como a
panaceia.

Como estão hoje os participantes?

Estão todos mais felizes e gratos por
aquilo que fizemos. Continua a haver um
acompanhamento psicológico.

E ainda
há pacientes que vêm à clínica fazer um
follow up dos seus tratamentos.

O programa é uma extensão do conceito
que criou na sua clínica. Explique-nos
um pouco a ideia...

Aqui nenhum paciente pertence a um
médico, mas sim à White e é visto como
um todo. Temos a consulta 360º em que
a pessoa é observada dos pés à cabeça por
todos os especialistas. O diagnóstico é
definido segundo aquilo de que a pessoa
precisa e que pode não coincidir com o
que ela inicialmente quer.

Tentamos que
o paciente consiga o máximo resultado
com o menor investimento e portanto o
cirurgião plástico promove a nutrição, a
nutricionista promove a saúde dentária e
assim sucessivamente. Se a nutrição corre
bem, às vezes nem há indicação para
cirurgia plástica ou se a doutora Catarina
Castro trabalhar a parte psicológica,
muitas vezes a pessoa decide que, afinal de
contas, nem precisa de aumentar o peito.

Em que consiste o conceito
no half smiles, sem meios sorrisos em tradução literal?

É a minha abordagem ao tratamento
dentário, a qual já apresentei em 21
países. Difere da maioria das clínicas
porque nós não tratamos dentes, tratamos
bocas. Se um paciente insiste em fazer
um branqueamento dentário, mas o
que precisa é de dentes para mastigar preferimos perder um paciente do que
pôr a estética à frente da função e da saúde.

Significa que se recusa a tratar alguns
dos pacientes que o procuram?

Sim, em cada 100 pessoas que vêm à
clínica tratamos cerca de 50.

Tem também um consultório online,
no portal Sapo. Quais os principais
problemas das pessoas que o contactam?

Há dez anos que estou ligado ao Sapo
Saúde e o que se vê é que ainda há
muitos pacientes que gastam dinheiro e
tempo com um dentista, não sabem que
tratamentos foram feitos e continuam
com o problema.

Em que situações pode ajudar ter um
dentista à distância?

Só com uma análise radiográfica e clínica
é que se pode chegar a um diagnóstico.
No entanto, dou conselhos para quando a
pessoa procurar o seu médico dentista
já levar alguma informação.

Continua a dar consultas?

Sim, o meu tempo é repartido entre a
clínica, os Estados Unidos da América, onde estou
a desenvolver um projeto parecido, e as minhas palestras. Sigo os meus pacientes
de sempre e acompanho os casos mais
complexos e que acho interessante tratar.

Essa ideia faz lembrar o protagonista da
série «Dr. House»...

Sim, adoro o «Dr. House« e inspirei-me
nele para fazer o «Dr. White», bem como
no «CSI», na «Anatomia de Grey»
e também um pouco no «Dr. Oz».

Veja na página seguinte: Os projetos para o futuro

Quais são os seus projetos para o futuro?

Os Estados Unidos por ser um país
com um forte potencial de crescimento
para um conceito como este, é algo
que ambiciono. O meu trabalho já é
reconhecido lá e pondero ir para lá viver.

Equaciona uma versão norte-americana
de «Dr. White»?

Sim, sou o autor e tenho os direitos
do programa e, portanto, fazer uma
versão norte-americana é uma forte
possibilidade. Quem diz que os
portugueses não conseguem exportar
programas nacionais?

Que conselhos dá aos leitores que
desejam melhorar a sua imagem e
saúde?

Não deixem para amanhã o que podem
mudar hoje, vivam de forma mais
saudável, durmam bem, lavem os dentes,
façam consultas de rotina, evitem hábitos
nocivos, encontrem hobbies que vos
tragam alguma felicidade. Se têm um
orçamento limitado esqueçam a estética e
foquem-se na saúde.

Cuidados pessoais

O que Miguel Stanley faz para manter a saúde e exibir uma imagem cuidada:

- Alimentação
É intolerante ao trigo e ao leite e, por isso,
«respeito a minha dieta e evito comer
açúcar», diz.


- Exercício físico

Pedro Baptista, personal
trainer da White, dá-lhe aulas particulares
várias vezes por semana. Para além disso, é
uma pessoa muito ativa.


- Beleza

Cuida da pele aplicando
diariamente um creme hidratante e
proteção solar.


- Estilo de vida

É regrado, segue uma vida
saudável, dorme bem e o mais importante:
«Tenho muito amor na minha vida, uma
família excecional, bons amigos e sinto-me
realizado profissionalmente», conclui.

Bilhete de identidade

Nasceu em Durban, África do Sul,
em 1973 e vive em Portugal desde os
dez anos. Licenciado em Medicina
Dentária, tem várias especializações
em Estética Dentária e Implantologia.
Em 2000 abriu a sua primeira clínica
na Lapa e desde 2001 responde às
questões dos portugueses no blog
«Linha Dentária», do portal Sapo.

Foi o mentor do programa «Doutor,
Preciso de Ajuda», exibido na TVI,
durante três temporadas. Em 2009
abriu a clínica White e um ano depois produziu o
programa «Dr. White», em exibição
na SIC. Convidado para inúmeras
palestras, só em 2011 esteve em 14
países a falar sobre o trabalho que
desenvolve na White e é o único
português a integrar a restrita equipa
mundial de especialistas da DentalXP.
Pertence ao conselho de especialistas
da revista saber viver, respondendo
às questões dos nossos leitores
desde 2006.

Texto: Vanda Oliveira
Foto: Artur (com produção de Mónica Maia)