A Parques de Sintra – Monte da Lua, empresa que gere os principais parques florestais e culturais do concelho, disponibiliza, de terça a domingo, às 12 horas, nos jardins do Palácio de Queluz, exibições de falcoaria.

As demonstrações integram um programa que inclui também a visita guiada às instalações das aves, bem como à nova exposição sobre falcoaria que o palácio promove.

«Pretende-se, com o projeto, recuperar e dar a conhecer uma arte que teve grande expressão na segunda metade do século XVIII, nomeadamente no Palácio de Queluz, altura em que a Casa Real detinha os falcões de caça mais raros e cobiçados. Algumas das aves eram trazidas de lugares longínquos, como os presentes de luxo oferecidos pelos reis da Dinamarca ou pelo grão-mestre da Ordem de Malta», explica a empresa em comunicado.

As aves de rapina que podem ser apreciadas no Palácio de Queluz, falcões, águias e algumas espécies de rapinas noturnas, foram obtidas através de reprodução em cativeiro e podem também ser observadas no seu local de repouso, junto à cafetaria do jardim, recentemente reaberta, bem como posar para as fotografias dos visitantes, que as podem pousar no próprio punho para o efeito, sempre com o acompanhamento e sob o olhar atento dos falcoeiros.

«Os visitantes poderão, assim, com a aquisição de um suplemento ao bilhete para o palácio ou jardim, assistir aos voos das aves e, de seguida, serem guiados pelos falcoeiros numa visita de apresentação das instalações da falcoaria, conhecendo as caraterísticas de cada espécie e os pormenores relacionados com as rotinas diárias de manutenção. Por último, os visitantes são também guiados por uma exposição sobre a arte da falcoaria», acrescenta a empresa.

Na mostra, que conta com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, «é possível descobrir mais detalhes, a sua classificação como Património Cultural Imaterial da Humanidade, as origens, a História e a evolução, bem como aspetos da ecologia, da morfologia das aves, das técnicas de adestramento e das tradições a elas associadas, entre muitas outras informações». Também apelidada de cetraria, a falcoaria consiste na arte de adestrar e caçar com aves de presa.

O mais antigo testemunho desta prática é um baixo-relevo encontrado nas ruínas de Khorsabad, na antiga Mesopotâmia, datado do ano 1.400 antes da era cristã. Do seu berço asiático inicial, a falcoaria expandiu-se para oriente com as invasões mongólicas e foi introduzida na China, de onde chegam as primeiras notícias escritas sobre a sua prática no século VII antes da era cristã. A sua introdução no ocidente deu-se em período mais tardio. Na Península Ibérica foi introduzida pelos suevos e visigodos, muito antes da fundação de Portugal.

Em 2010 a UNESCO reconheceu a riqueza do legado histórico e artístico da falcoaria, registando-a na lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade. As aves de rapina formam um grupo muito biodiverso e estão representadas em Portugal por cerca de 30 espécies diferentes. Têm uma longevidade que pode variar entre os 15 e os 50 anos, consoante a espécie.

O seu peso pode oscilar entre as 150 gramas do pequeno falcão-peneireiro e os 6 quilos da
águia-real. Em regra, os falcões são caçadores que se alimentam de vertebrados de sangue quente, sobretudo outras aves, mas existem algumas rapinas com dietas muito especializadas, incluindo a pesca e hábitos necrófagos. As rapinas são consideradas um bom indicador da qualidade e vitalidade dos ecossistemas, gozando de estatuto de proteção integral.

Apenas um reduzido número de espécies é utilizado na prática da falcoaria. Apesar do seu ar poderoso, uma vez adestradas não representam qualquer perigo para o homem, devendo, no entanto, ser manuseadas com precaução utilizando luvas de cabedal. A utilização de falcões na caça reproduz um ato natural de predação, não causa abates massivos, não compromete o equilíbrio natural das espécies, pelo que a falcoaria é considerada uma forma de caça sustentável e ecológica.

Atualmente os falcões e restantes aves de rapina no Palácio de Queluz encontram-se alojados nas antigas jaulas dos jardins, perto do Canal de Azulejos e da Escadaria Robillion. Este local, que em tempos albergou algumas espécies exóticas, sofreu agora alterações para receber as aves com todo o conforto. Esta zona constituiu desde sempre um polo lúdico bastante importante onde se edificaram vários espaços vocacionados para o ócio e o entretenimento.

Nas jaulas, construídas em 1822 sob o Terraço do Pavilhão Robillion e ladeando a Cascata das Conchas, ainda sobreviviam em 1833, durante o período sangrento das lutas liberais, duas leoas, dois tigres e alguns macacos, testemunho de um gosto pelo exótico que, em diferentes níveis, sempre existiu no Palácio de Queluz, onde agora por mais 7 euros (adultos) ou 3,5 euros (crianças) pode assistir à exibição de falcoaria.

Antes da Partida da Família Real para o Brasil, na totalidade das Reais Quintas de Queluz, situadas nas envolvências do Palácio, existiam búfalos, corsas, gamos, veados, carneiros e cabras-de-angola, entre outras espécies animais mais vulgares. Nos numerosos lagos dos jardins vivia uma população de 183 cisnes brancos e pretos, para além das pombas, canários, catatuas e águias que a rainha Carlota Joaquina e as infantas suas filhas possuíam em gaiolas e viveiros.

Foto: Pedro Yglesias

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