É de valorizar, enaltecer e apoiar o trabalho voluntário. Nas zonas tropicais, muitas melhorias na saúde e desenvolvimento das populações de regiões mais remotas, pobres ou sujeitas a catástrofes naturais foram responsabilidade de ONGs.

No entanto, o facto de as atividades de terreno destas organizações decorrerem em regiões rurais e muito carenciadas pode aumentar o risco de problemas de saúde dos voluntários, sobretudo se viajam de locais distantes.

O conhecimento das condições geográficas, climatológicas, logísticas (alojamento e alimentação), de saneamento básico, da fauna e flora locais, bem como das atividades que irá desenvolver, é fundamental para o aconselhamento e prevenção.

Avaliar os riscos

Os voluntários que vão para países de expressão portuguesa têm uma maior facilidade em adaptar-se. Em países não lusófonos, a comunicação é muito mais difícil e as diferentes culturas (religiosas, sociais, gastronómicas) são habitualmente uma barreira. A adaptação é inteletual, mas também física. Nos hábitos alimentares, há que sensibilizar o tubo digestivo para a dieta local. Água não potável e alimentos contaminados ou agressivos para o sistema digestivo representam riscos para a saúde.

No contacto com insetos hematófagos (que picam, para se alimentarem de sangue), as picadas podem provocar reações alérgicas exuberantes por não existir nenhum contacto prévio ou inocular agentes infeciosos de doenças. Em áreas de risco importante de doenças tropicais, as ONG responsabilizam-se, habitualmente, pelo apoio na saúde, alimentação e alojamento e, em missões continuadas nos mesmos locais, a experiência acumulada é uma garantia de segurança.

Antes de ir

É fundamental que, até um mês antes da
viagem, vá a uma consulta de medicina do viajante, de preferência com um
médico especializado e experiência de ações no terreno.

Deve recolher o
máximo de dados sobre a missão, nomeadamente sobre o local, altura do
ano, tempo de estada, tipo de alojamento, existência ou não de energia
elétrica, mosquiteiros, atividades a desenvolver, riscos de dengue ou malária e logística
alimentar, nomeadamente onde come, quem cozinha e a dieta local.

Assim o especialista
poderá elaborar a melhor estratégia de aconselhamento e prevenção de
doenças transmissíveis e não transmissíveis para o trabalho de
voluntariado que deseja realizar.

Texto: Jorge Atouguia (especialista em medicina do viajante)