Silêncio. paz. Pouco importa o que se passa
à superfície.

Ao mergulhar no mar, tendo
por companhia as garrafas de oxigénio,
posso fingir que o tempo parou.

Sem peso,
sem responsabilidades e sem preocupações. A não ser respirar correctamente e cumprir
as regras de segurança! Ver o mar por dentro é fantástico.
Em Portugal, apesar de a água ser fria, a
diversidade a nível da fauna e da flora compensam
e deparamo-nos com algumas surpresas
como destroços de barcos ou de
outras estruturas afundadas que podemos
visitar.

E ainda temos o resto do mundo
por descobrir, com locais paradisíacos como o Mar Vermelho à nossa espera. Com
a formação necessária, esse sonho pode
tornar-se realidade. Vamos mergulhar?

Segurança acima de tudo

«O mergulho não é um desporto radical».
O aviso é feito logo na primeira aula do
curso de mergulho por João Gaspar, monitor
da Homem ao Mar, uma loja em Lisboa
especializada neste desporto.

Para poder
mergulhar é preciso aprender os procedimentos
de segurança e tirar um curso de
mergulho. O curso da Homem ao Mar
é certificado pela Marinha e também pela
PADI, uma estrutura reconhecida internacionalmente
e que permite aos diplomados mergulhar em qualquer parte do
mundo. A primeira parte do curso possibilita
mergulhar até aos 18 metros e, posteriormente,
pode-se ir progredindo.

Saúde e mergulho

O mergulho é interdito a grávidas, epilépticos
e a quem tenha problemas pulmonares,
como pneumotórax, ou cardíacos. É sempre
preenchida uma ficha médica e exigida uma
declaração escrita pelo médico.
Ao mergulhar, os problemas mais comuns
são as diferenças de pressão nos ouvidos.

Já situações mais graves, que podem
ser
originadas por subidas muito rápidas ou por
prender a respiração enquanto se mergulha
têm de ser tratadas em câmaras hiperbáricas.
No entanto, são raros os casos de mergulhadores
a necessitarem de fazer esses tratamentos. Três ou quatro por ano, como
indica Vítor Dias, sargento ajudante mergulhador,
técnico do Centro de Medicina
Hiperbárica da Marinha, em Lisboa.

Vamos a contas

O primeiro curso, obrigatório para começar
a mergulhar, custa 375 euros e inclui o equipamento
todo, porque a Homem ao Mar
fornece tudo o que é preciso e ainda empresta
o equipamento durante seis meses depois
do curso. O curso é dado a grupos de apenas
quatro pessoas, em horário pós-laboral, com
aulas teóricas e práticas na piscina e no mar,
perfazendo um total de nove dias.

O investimento em equipamento deve
ir sendo feito «moderadamente e não vale
a pena a pessoa adquirir garrafas de oxigénio
porque são caras e exigem muita
manutenção», indica João Gaspar. As lojas
alugam todo o material, pelo que esta é a
melhor opção.

As saídas que a Homem ao Mar promove rondam os
25 euros para Sesimbra, enquanto para a
Berlenga pagará 65 euros para dois mergulhos
e 85 euros para três. A Homem ao Mar
organiza também mergulhos no Algarve
e em Sines, e m Vilarinho das Furnas e no
mítico Mar Vermelho. Para os mais friorentos
mas que queiram aprender mergulho,
perto de Bruxelas existe a mais profunda
piscina do mundo e... a sua água é
aquecida.

Texto: Joana Andrade com João Gaspar (monitor de mergulho) e Vítor Dias (técnico do Centro de Medicina
Hiperbárica da Marinha)