No mundo, existem quase 300 espécies de clematites, muitas das quais florescem em climas mediterrânicos. As clematites de flor grande constituem a maioria de pelo menos 5.000 cultivares em todo o planeta. Neste artigo, será dado particular enfoque às espécies de clematites de flor pequena, menos exigentes e extremamente favoráveis para o cultivo numa ampla variedade de climas e solos. A preparação do solo é fundamental para o sucesso do cultivo da clematite.

Neste campo, podemos dispensar um mito. A acidez ou alcalinidade (valor do pH) do solo de jardim tem pouca relevância para a maioria das clematites. Na realidade, longe de serem amantes de calcário são na verdade tolerantes ao calcário. Qualquer valor do pH entre 5.5 e 8.5 é adequado para a clematite. Os aspetos mais importantes são tornar o solo profundo, rico em húmus, que faça a retenção da humidade mas com boa capacidade de drenagem.

Solos de fraca qualidade e arenosos necessitarão de adições regulares de nutrientes e de um composto que retenha a humidade, para facilitar a criação de um bom sistema radicular e minimizar a evaporação da água. Ao contrário das clematites de flor grande, que se desenvolvem quando abundantemente regadas e alimentadas, as espécies e os cultivares de flor pequena ressentem-se quando são sobrealimentadas.

Na natureza, as clematites de flor pequena desenvolvem-se alimentando-se dos nutrientes que ocorrem naturalmente no seu habitat, juntamente com o húmus resultante da queda anual da folha das plantas hospedeiras ou companheiras. Estes são algumas precauções a ter para conseguir exemplares bem desenvolvidos e muito floridos:

- Como plantar as clematites

Quando as plantar, deve fazer uma cova de cerca de 30 a 35 cm de diâmetro e 45 a 50 cm de profundidade. Assegure-se que a base escoa a água, uma vez que a clematite gosta de água mas não em excesso. Coloque o composto rico em húmus e o fertilizante na base da cova, coloque a planta, acrescentando um bom composto.  As clematites de flor pequena não precisam de ser plantadas em profundidade.

Todas as clematites que crescem juntamente com outras plantas deverão ser cultivadas no lado norte da planta hospedeira que for escolhida, de modo a poderem obter toda a sombra disponível.  Regue a clematite com pelo menos cinco litros de água, confirme que a água chega às raízes, pois só assim serão estimuladas a expandirem-se cada vez mais em profundidade no solo mais fresco.

Muitas clematites recém-plantadas são regadas frequentemente mas com pouca água de cada vez. As raízes dessas clematites mantêm-se perto da superfície, e depressa sucumbem quando a temperatura do solo se torna demasiado quente para elas.

Veja na página seguinte: As clematites que deve cultivar

- Que clematites cultivar

A C. flammula , a C. cirrhosa e a C. viticella são nativas das regiões mediterrânicas e encontram-se, com frequência, a crescer livremente na natureza. A C. cirrhosa deu origem a diversos cultivares que são mais cativantes para os jardineiros do que a própria espécie.  A C. freckles (sardas) é de longe a melhor, florescendo durante cinco ou seis meses, exibindo flores que são sinos amarelos com pintas de vermelho-vivo. A C. Landesdowne gem é vermelha por dentro e cor-de-rosa por fora, cor magnífica para uma clematite de folha perene.

Todas as cirrhosas são perenifólias durante o inverno, mas muitas ficam completamente adormecidas durante um verão longo e quente, desaparecendo até inícios de setembro, época em que reaparecem e podem florescer novamente em cerca de seis semanas. Clematites de folha perene, que florescem no final do ano, passam por um período de dormência no verão, tal como sucede com as cirrhosas. A C. viticella surge naturalmente na cor púrpura, cor-de-rosa, azul e diversas outras tonalidades.

A verdadeira C. viticella tem uma flor em forma de sino, ao passo que muitos dos seus cultivares e híbridos apresentam formas que vão de sinos a flores totalmente planas e voltadas para cima. Podem também cultivar a C. Paul Farges (híbrido entre C. vitalba e C. potanini) com flores brancas. Há uma grande diversidade de clematites por onde escolher, incluindo as belíssimas espécies americanas como a C.texensis e a C.crispa, que florescem no verão.

As clematites herbáceas também não devem ser ignoradas, uma vez que proporcionam fragrâncias agradáveis e cor. Por exemplo, C. Aromatica, a C. recta e a C. mandshurica pela fragrância. Embora as espécies grandes e mais vistosas de clematites atraiam mais atenção, as espécies de flor pequena, podem ter maravilhosas fragrâncias que incluem baunilha, canela, cravinho, lírio-do-vale, jacinto, violeta, prímula, limão e amêndoa. A International Clematis Society tem troca de sementes e mais informação em www.clematisinternational.com.

Texto: Mike Brown (membro da Sociedade Internacional Clematis e ex-presidente da British Clematis Society)