Mais de 300 abortos foram comunicados à Direcção-Geral de Saúde no primeiro mês de vigência da nova Lei, adiantou à Lusa TV o presidente da Comissão de Saúde Materna, que considerou o número "nitidamente inferior ao esperado".

"A sensibilidade que tenho é que há uma sub-notificação de casos, na medida em que a maior parte dos serviços tem muitos profissionais de férias e as partes administrativas podem ter-se atrasado algum tempo por causa das férias", justificou Jorge Branco, também director da Maternidade Alfredo da Costa.

"A estimativa que existia era de que deveria haver entre 20 e 25 mil interrupções anuais, logo deveriam ter sido notificadas no primeiro mês à volta de 1.600 casos e isso não aconteceu. Foram notificadas menos de um terço", acrescentou.

A Direcção-geral de Saúde deverá anunciar na próxima segunda-feira os números oficiais das intervenções realizadas entre 15 de Julho, quando entrou em vigor a regulamentação da nova lei do aborto, e 15 de Agosto.

Jorge Branco garante que "o número de intervenções não está sujeito a flutuações de época ou férias" e adianta que, caso não se trate de uma sub-notificação por questões administrativas, o baixo número registado até agora poderá significar que "há menos intervenções do que foi estimado" e que os abortos em Portugal "sejam em menor número".

De acordo com Jorge Branco, os casos de IVG que ainda não foram notificados deverão estar regularizados até Setembro, quando os serviços já tiverem capacidade para terminar as comunicações à DGS.

No mesmo período, na maternidade Alfredo da Costa foram realizadas mais de 100 interrupções voluntárias da gravidez, enquanto "seis senhoras repensaram" e desistiriam de interromper a gravidez após os três dias de reflexão obrigatórios por lei.

Questionado sobre o método mais utilizado nas IVG, Jorge Branco informou que na maternidade Alfredo da Costa é o "método medicamentoso".

A nova lei do aborto legaliza a IVG até às dez semanas de gestação a pedido da mulher.

Fonte: Lusa | 17 de Agosto de 2007