FOTO: Lamiya Aji Bashar e Nadia Murad /AFP PHOTO /dpa /Franziska Kraufmann
Nadia Murad e Lamiya Aji Bashar foram capturadas e tornadas escravas sexuais do Estado Islâmico em 2014. Depois de um longo período de luta, resistência e inconformismo, conseguiram fugir e tornaram-se porta-vozes de uma minoria do Médio Oriente que está a ser dizimada pelos jiadistas do Daesh.
A escolha dos nomes de Nadia Murad e Lamiya Aji Bashar foi feita a 27 de outubro, em Estrasburgo, e anunciada pelo Presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz.
"As laureadas este ano são duas mulheres que lutam contra o Estado Islâmico e que representam uma batalha que todos nós temos de apoiar, com todos os nossos meios. Não só com o Prémio Sakharov, mas com todas as ações políticas que precisamos", disse o parlamentar alemão.
"Estas duas mulheres são o símbolo de que não se deve ter medo do terrorismo. É preciso proteger-se com os meios necessários e lutar contra a estratégia de intimidação", referiu ainda Martin Schulz, reiterando que "a União Europeia deve apoiar com todos os meios a luta contra a impunidade de quem viola dos Direitos Fundamentais".
Nadia Murad e Lamiya Aji Bashar são oriundas de Kocho, uma aldeira iraquiana tomada pelo Estado Islâmico em 2014. Todos os homens foram executados, assim com as mulheres idosas, que aos olhos dos terroristas não tinham qualquer valor sexual.
As jovens e meninas foram levadas pelos radicais, violadas, sujeitas a sevícias sexuais e depois vendidas e revendidas como forma de financiamento do Daesh.
Nadia Murad, 23 anos, viu os extremistas matarem-lhe a mãe e 6 irmãos. Conseguiu fugir três meses depois do rapto e em setembro tornou-se na Primeira Embaixadora das Nações Unidas para a Dignidade dos Sobreviventes do Tráfico Humano.
Lamiya Aju Bashar, 18 anos, que perdeu o pai e irmãos, também em Kocho, escapou em abril do ano passado após várias tentativas em 20 meses de cativeiro.
Durante a fuga, foi atingida pela explosão de uma mina que a desfigurou e deixou quase cega. Uma amiga que a acompanhava na fuga, também ela vítima de sequestro, perdeu a vida.
Durante o cativeiro, Lamiya foi usada como escrava sexual e forçada a fabricar bombas e coletes de explosivos.
Tanto Lamiya Aji Bashar como Nadia Murad pediram asilo na Alemanha, país onde se têm dedicado a ajudar as vítimas do Estado Islâmico. Por outro lado, ambas têm alertado também para a situação de perseguição da comunidade Yazidi, concentrada no Norte do Iraque e seguidora de uma religião pré-islâmica.
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