Lula falava ao lado do seu homólogo colombiano, Gustavo Petro, no encerramento do encontro “Caminho para a Cimeira Amazónica”, que ocorre desde quinta-feira na cidade de Letícia, capital do departamento colombiano do Amazonas, onde afirmou que os países da região têm desafios que devem enfrentar juntos.

“Devemos unir esforços para que, nas discussões internacionais, a nossa voz seja ouvida nas conferências sobre o clima, biodiversidade e desertificação e nos debates sobre desenvolvimento sustentável”, disse o presidente brasileiro.

Nesse sentido, Lula defendeu o fortalecimento institucional da Organização do Tratado de Cooperação Amazónica (OTCA).

A OTCA “não tem recebido a atenção que merece” e por isso na Cimeira da Amazónia, que acontecerá a 8 e 9 de agosto na cidade brasileira de Belém do Pará, e da qual esta reunião em Letícia é um encontro preparatório, “será um momento de correção de rumo”, pois será aberto “às autarquias e à sociedade”.

“Para traduzir em termos práticos esse impulso político, queremos institucionalizar o Observatório Regional da Amazónia, que vai sistematizar e monitorizar dados de todos os países para tornar as políticas públicas mais efetivas” e lidar melhor com fenómenos como secas, enchentes, chuvas, incêndios e poluição da água, indicou.

Lula também propôs a criação de um comité de especialistas na Amazónia “para gerar conhecimento e produzir recomendações com base científica”, para que também “proteja a propriedade intelectual, o património genético e o conhecimento tradicional”.

“Muito podemos fazer se dermos à OTCA diretrizes claras e recursos adequados através de uma coligação de bancos de desenvolvimento e da mobilização de recursos públicos e privados”, defendeu Lula.

Segundo o Presidente brasileiro, “cuidar da Amazónia é um privilégio e uma responsabilidade” porque é “um bioma de interesse de toda a humanidade”, mas devem ser os oito países dessa bacia – Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela – que devem “decidir como dar uma vida digna ao nosso povo e como preservar nossas florestas e nossa biodiversidade”.

Lula realçou que seu Governo está empenhado em eliminar a extração ilegal de madeira até 2030 e exortou os países amazónicos a “assumirem esse compromisso” na cimeira.

“Falar da Amazónia é falar de superlativos: é a maior floresta tropical do mundo, abriga 10% de todas as espécies animais e vegetais do planeta, tem 50 milhões de habitantes com 400 povos indígenas que falam 300 línguas, tem as maiores reservas de água doce do planeta, incluindo um verdadeiro oceano subterrâneo”, explicou o presidente brasileiro.