“Um dos grandes desafios do futuro é mostrar como a dieta [mediterrânica] também pode ser importante para combater a ação humana sobre a natureza” com a utilização de produtos locais e de época e de culturas de sequeiro que reduzam a pegada ecológica, disse Ana Paula Martins.

A autarca falava à Lusa a propósito da realização da Feira da Dieta Mediterrânica, que decorre de quinta-feira a domingo, em Tavira, quando se assinalam 10 anos do reconhecimento deste património imaterial da humanidade.

Ana Paula Martins valorizou o trabalho feito para divulgar esta dieta na última década, sobretudo enquanto estilo de vida saudável, mas sublinhou que este património vai muito para além da parte gastronómica.

Num cenário de falta de água, a aposta nas culturas ligadas à dieta mediterrânica pode ser “o caminho”, mas há “outro desafio para tentar que este património milenar se vá adaptando aos novos hábitos alimentares”, recorrendo às “sabedorias e técnicas ancestrais”.

A presidente da Câmara algarvia deu o exemplo do leite de alfarroba e fez um balanço “bastante positivo” do trabalho feito nos últimos 10 anos na divulgação junto dos mais novos, reforçando a transmissão de património às novas gerações, e na associação que foi feita também com a atividade física.

“Faço um balanço bastante positivo, faço um balanço positivo do trabalho da Câmara de Tavira, mas enalteço também o trabalho da região, porque acho que a Dieta Mediterrânica foi o primeiro projeto que nos levou a todos – a estes 10 parceiros – a trabalhar em parceria efetiva com um objetivo comum”, avaliou a autarca.

Tavira foi uma das comunidades de sete países da bacia do Mediterrâneo que viram a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês) reconhecer, em 2013, a Dieta Mediterrânica como património imaterial.

A presidente daquela Câmara do distrito de Faro classificou o trabalho de parceria realizado ao longo deste período como “muito positivo” para o concelho, mas também para a região do Algarve.

Segundo a autarca, a feira vai contar, à semelhança das edições anteriores, com “as mostras dos produtores e dos artesãos”, com “a parte da música, da dança”, com “demonstrações culinárias” e “programação infantil”, embora “todos os anos se vá introduzindo algumas componentes para que tenha mais qualidade”.

Ana Paula Martins adiantou que a praça da Convivialidade vai dispor de restauração e que 18 restaurantes locais vão contar com menus mediterrânicos nas suas ementas, numa das inovações da feira que celebra os 10 anos da inscrição da Dieta Mediterrânica como património da UNESCO.

A presidente da Câmara algarvia revelou que a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve vai realizar um seminário direcionado para a “inovação no uso de alguns produtos” e que irá “pôr em evidência o plano de salvaguarda” que concluiu em 2021.

“Neste momento, estamos a trabalhar no plano de salvaguarda para os próximos anos - 2023-2027 – que também será apresentado nesse seminário”, anunciou, considerando que o plano anterior teve uma “boa execução” e a ideia agora passa por “continuar esse trabalho” em parceria no novo plano.

Ana Paula Martins recordou que Tavira é a comunidade representativa da Dieta Mediterrânica em Portugal, mas o projeto conta com parceiros como a CCDR do Algarve, a Direção Regional de Agricultura e Pesca, a Universidade do Algarve, as Escolas de Hotelaria e Turismo ou associações como a In Loco, que têm contribuído ao longo dos últimos 10 anos para a promoção e divulgação de um património que vai além da gastronomia.

“Todos eles [parceiros] vão fazendo algum trabalho paralela e individualmente, como é o caso das escolas de hotelaria, da Região de Turismo, nas suas promoções, como é o caso da universidade e da rede que se está a criar junto de várias universidades do país para que sejam estudadas estas questões da Dieta Mediterrânica e sejam produzidos documentos científicos”, enalteceu.