Susana Andrade tem 39 anos e é uma bem sucedida comercial da Remax, uma das maiores empresas imobiliárias a operar em Portugal.

Foi secretária de administração até aos 25 anos, altura em que decidiu voar sozinha e virar empresária. E não se arrepende, a crise não lhe afecta o negócio e orgulha-se de criar duas filhas, de 7 e 10 anos, com quem divide toda a sua vida.

Começou a sua vida profissional no imobiliário?

Não. Era secretária do director-geral de uma empresa multinacional e aos 25 anos decidi que estava na altura de seguir o meu caminho como empresária. Nessa altura fui trabalhar com os meus pais que tinham uma empresa de mediação imobiliária.

Teve alguma formação específica?

Vasta formação em actividade imobiliária, desde gestão de imóveis a avaliação imobiliária e estudos de mercado até ao marketing e publicidade do imobiliário, e claro, muita Técnica de Venda. Fiz recentemente um Mini-MBA em Gestão.

Trabalhou os primeiros anos na empresa do seu pai e depois veio para a Remax. Há quantos anos trabalha aqui?

Desde 2002 que estou na Remax Telheiras. No entanto, só nos últimos quatro anos é que adoptei uma visão mais empresarial da minha actividade profissional. E realmente estou a colher os resultados de tudo o que fui semeando, nomeadamente, prestando um serviço de excelência aos meus clientes e, neste momento, a base do meu trabalho é precisamente essa: a fidelização pelos bons serviços prestados.

A crise no imobiliário não é tão real assim?

A crise afecta todos os sectores e, neste momento, os bancos são mais criteriosos e selectivos com os financiamentos, para além disso, o que eu vejo na minha experiência pessoal, é que demoramos mais tempo a vender uma casa. Todos nós temos de nos adaptar à mudança, e estar permanentemente a analisar o nosso trabalho e redefinir estratégias para podermos crescer com essa mudança.

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Os proprietários também vão ter de se adaptar à mudança?

Claro. E voltamos a ver os pais a ajudarem os filhos a comprar casa com as suas poupanças, para o crédito que vão pedir ao banco ser mais baixo e as prestações também. O meu trabalho é ajudar cada vez mais os proprietários a vender e os compradores a encontrarem a opção certa.

É verdade que o mercado de luxo continua intacto?

Continua intacto, de qualquer forma temos sentido que o mercado não está a absorver com tanta rapidez. Ou seja, não sentimos uma paragem, sentimos um abrandamento do mercado. Para estimular e dinamizar este segmento criamos a marca Remax Collection da qual sou Comercial certificada.

O preço das casas não desceu tanto como seria de esperar?

Depende do segmento. Em determinado nicho de mercado a queda é mais substancial, principalmente nos arredores de Lisboa. No centro de Lisboa, ainda assistimos a bastantes compras a pronto pagamento.

Quem compra casas no centro de Lisboa?

Neste momento, investidores compram e colocam casas no mercado de arrendamento, e também famílias que necessitam de casas maiores e ainda têm algum poder aquisitivo. Por último, alguns estudantes de fora de Lisboa: como as rendas estão altas, as famílias optam por comprar apartamentos para os filhos.

Esta actividade ocupa-a muitas horas por dia. Como é que concilia a sua vida profissional com duas crianças tão pequenas?

Tenho de conciliar. Afinal é por elas que eu trabalho tanto, para lhes poder proporcionar conforto, e procuro que o tempo que estou com elas seja só para elas. A partir do momento em que chego a casa sou só das minhas filhas, quer seja durante a semana ou ao fim-de-semana.

Fala com as suas filhas sobre o seu trabalho? Elas sabem exactamente o que a mãe faz?

Completamente. Vivem o meu trabalho e sabem muito bem que sendo a minha única fonte de rendimento, muito na nossa vida depende dos negócios que eu faço e, de vez em quando, perguntam quantas casas já vendi este mês?

É um trabalho instável: se vende ganha muito, se não vende não ganha nada?

Não tenho outra hipótese: tenho de vender sempre. O meu único caminho é vender, por isso nem sequer ponho a hipótese de não vender. Quando angario uma casa acredito que a vou vender e procuro prestar o melhor serviço possível ao meu cliente, transmitindo a maior segurança e confiança devida.

Como é que isso se consegue?

Vender a casa de alguém é uma parte da vida desse alguém, e o serviço que eu presto é colocar-me no lugar do meu cliente, ou seja, trato da vida dele como se fosse a minha e julgo que é isso que as pessoas sentem.

Quantas casas vende habitualmente?

Habitualmente faço duas ou três transações por mês. Em Maio fiz sete transacções e fui premiada como melhor comercial do mês em Telheiras. Estou a vender tanto como no ano passado, o que é muito bom.

A sede do seu trabalho é em Telheiras. Só vende casas em Lisboa?

Não só, mas principalmente na grande Lisboa.

Qual foi a casa mais cara e a mais barata que já vendeu?

A mais cara foi transaccionada por 750 mil euros, e, neste momento, tenho na minha carteira de imóveis, uma moradia lindíssima no Restelo por 2.500 milhões euros. A mais barata, vendi por 50 mil.

O que é mais fascinante neste trabalho?

O contacto com as pessoas e a concretização dos meus objectivos. Comunicar com os outros para mim é fascinante. Algumas das minhas clientes ficaram minhas amigas. Acredito que numa época de crise, são os melhores profissionais que se destacam no mercado.

Texto: Palmira Correia