Aproveitemos o debate sobre a Reforma e a preparação da mesma para refletir sobre esta fase da vida. Podemos encará-la como uma fatalidade ou como uma oportunidade para realizar parte dos sonhos que estabelecemos na vida.

O desenvolvimento da sociedade em que vivemos tem permitido que cada vez se viva mais em tempo de reforma e com mais possibilidades de ter uma vida ativa. O problema que se coloca ao Estado Português (e um bocado por toda a Europa) é como conseguir garantir que na Reforma vamos ter os apoios sociais que existem hoje em dia.

Cenário realista

Aqui não se trata de ser mais otimista ou mais pesimista. É um dado objetivo que a Segurança Social, tal como a conhecemos hoje, não é sustentável. Ou os portugueses começam a preparar a sua sustentabilidade financeira para a idade da reforma ou terão mesmo de viver com muito menos do que os rendimentos atuais.

Questões a considerar

Quer manter o mesmo estilo de vida na reforma face ao que tem na vida ativa? Quer que seja melhor? Está disposto a que seja um pouco abaixo? Qual o valor mensal que precisa de dispor para fazer face às despesas correntes? Quando chegar a este valor irá perceber com facilidade que já devia ter começado a poupar há muito tempo atrás.

Vai reformar-se DE alguma coisa, ou vai reformar-se PARA alguma coisa? Parecem frases iguais mas o alcance é completamente distinto. A maioria das pessoas entra na reforma com a sensação que está a livrra-se de alguma coisa: do trabalho, do stress, dos chefes. Mas mesmo que isso seja verdade, a pergunta chave é para que se reforma? O que vai fazer com o tempo de reformado?

Acreditamos que a reforma é um momento sobretudo PARA aproveitar as oportunidades que a vida tem para oferecer. Infelizmente muitas pessoas trabalham anos a fio como se a vida se resumisse ao trabalho. Claro que é o trabalho que nos alimenta e que nos permite ter a vida que temos, mas é muito diferente viver para trabalhar do que trabalhar para viver. Desafiamos que se questione sobre aquilo que o motiva e que lhe dá mais prazer. A partir daí estabeleça os objetivos daquilo que pretende fazer nos anos de reformado.

Objetivos para a Reforma

A lista de objetivos varia de pessoa para pessoa, mas a maioria das pessoas com quem o Doutor Finanças se cruza costuma ter como desejos para a reforma fazer uma grande viagem, ou passar grande parte do tempo em pequenas viagens. Outros querem garantir que conseguem manter a forma física. Uns querem estudar matérias sobre temas de interesse extra profissional. Alguns desejam voltar à terra onde nasceram e recuperar alguns lugares da sua infância. A lista podia estender-se por vários exemplos, mas projetos é algo que não pode faltar para esta fase da vida.

Quais os meios para alcançar os objetivos?

Conforme os objetivos que estabeleceu vai precisar de dinheiro para os realizar. Chegar ao rendimento desejado para a reforma vai implicar fazer opções. Estas opções estão dependenetes do dinheiro que precisa e da idade com que inicia a preparação da reforma. Quem não faz estes cálculos bem que pode ter muitos projetos que dificilmente deixarão de ser sonhos vãos. Enquanto está na vida ativa vai ter de tomar decisões sobre quanto está disposto a deixar de lado para capitalizar.

Consoante as suas necessidades, idade e perfil terá de tomar opções de investimento com maior, ou menor, risco. Lembre-se que para maior rentabilidade terá de correr maiores riscos. Pelo contrário, se a rentabilidade desejada é menor não precisará de se expor tanto ao risco dos investimentos. Não vai ser na altura da reforma que conseguirá os meios para vivê-la com sentido. A necessidade de uma preparação financeira, e também não financeira, é algo que não pode adiar mais.

João Raposo