É comum ouvir expressões como “o banco ajudou-me” ou “vou pedir um empréstimo ao meu banco”. Fará sentido utilizar estas expressões? É mesmo isto que queremos dizer? Os bancos emprestam dinheiro ou vendem dinheiro? Verifique alguns dos fatores que estão por detrás de cada contrato de crédito.

Uma mudança de atitude

A realidade mostra-nos que ao nível do negócio bancário os clientes colocam-se numa atitude mais submissa do que perante outros ramos de atividade. Esta postura acontece porque os bancos gostam de complicar na linguagem (muitos termos não são corretamente explicados) e os clientes sentem-se em inferioridade perante o credor. A este nível o Doutor Finanças tem ajudado muitos portugueses a conhecerem melhor como funciona o negócio bancário.

Esta atitude não é só fomentada pelos bancos. Também a nossa linguagem adquiriu expressões que parecem mostrar uma subordinação desmedida do devedor perante o credor. Quando dizemos que o banco nos ajudou, será que ajudou mesmo? Não digo que em algumas alturas não possamos sentir que o gestor da nossa conta facilitou algo ou mostrou maior compreensão, mas tudo está assente numa estratégia de gestão do cliente, pois, em última análise, o gestor da nossa conta está lá para cumprir com objetivos comerciais.

Outra expressão que todos dizemos, mas que se pensarmos bem não faz grande sentido, é a expressão “pedir um empréstimo”. Ora, o verbo “pedir” coloca-nos logo numa situação de quem precisa de um favor (o que não é o caso). E a expressão “empréstimo” é mais correta quando estamos perante algo que emprestamos para que nos devolvam igual (ex.: emprestar uma caneta).

A nossa atitude tem de ser própria de quem está a comprar dinheiro! E não a pedir alguma coisa. Esta lógica é válida tanto para os direitos como para os deveres de um empréstimo bancário. O empréstimo bancário é um ato de negociação de compra de dinheiro.

O custo do dinheiro

Sempre que efetuamos um empréstimo bancário é porque precisamos de ter um valor disponível antecipadamente. Para o obter, vamos ao banco e compramos esse valor. O facto de poder antecipar um valor tem de ter um custo e esse custo é a taxa de juro. Podemos tentar definir taxa de juro de forma mais académica e complexa. Mas dito de uma forma simples e correta, a taxa de juro é o preço do dinheiro. Se vamos comprar, por exemplo, 5.000,00€ (isto é, pedir um empréstimo de 5.000,00€) o preço desse dinheiro será de 10%, ou 11%, ou outra percentagem que apliquem. A taxa de juro é o P.V.P. do dinheiro.

Recorrendo a um simulador para verificar o custo total de um empréstimo, verificamos que quanto maior a taxa de juro e quanto maior o prazo, mais caro fica esse empréstimo. Ao olhar para os números muitas pessoas desanimam, mas é bom que tenham consciência desde o primeiro momento daquilo que estão realmente a contratar. Repare que 5.000,00€, com uma TAN de 11%, a 5 anos, fica com um custo total do empréstimo em 6.522,73€. Sem mexer na taxa de juro e alterando apenas o prazo, percebe-se que para o prazo máximo de 10 anos, o mesmo valor passa a custar-lhe 8.265,00€, ou seja, tem um aumento de 65,3% face ao valor inicial!

Justifica-se?

A justificação para a contratação de um crédito é algo muito pessoal. Cada um de nós deverá estar em condições de perceber se se justifica, ou não, pagar tanto mais pelo valor que precisa no imediato. O crédito não é bom, nem mau, em si. É sim, uma compra que deverá ser ponderada mais do que muitas outras, pois assumimos um encargo durante longos anos.

O exemplo apresentado para uma taxa de 11% é algo comum num produto como o Crédito Pessoal, mas se fizer as contas a um produto como o cartão de crédito, cujas taxas podem rondar os 20%, então ficará ainda mais surpreendido como é que um produto de tão fácil acesso pode ter consequências tão grandes na sua carteira.

Crédito responsável

Como foi dito acima o crédito não é algo mau à partida. O importante é que o recurso ao crédito seja feito de forma consciente. Para ter a garantia de estar a fazer um bom negócio não deve basear-se apenas na argumentação do seu gestor de conta. Lembre-se que a função dele é vender e vai fazer com que acredite que precisa mesmo de uma liquidez adicional. Desta forma, os clientes ficam todos contentes porque foram “dignos de crédito” por parte do Banco e o gestor da sua conta conseguiu mais um ponto para a avaliação de desempenho comercial.

A equipa do Doutor Finanças está do seu lado nesta análise. Não somos um banco, mas somos especialistas que estamos do seu lado e com toda a certeza iremos conseguir ajudá-lo na sua procura pelo crédito pessoal mais barato do mercado.

João Raposo