O Doutor Finanças tem recebido alguns contactos de pessoas que pensam que pelo facto de serem fiadores de um crédito habitação, em caso de incumprimento dos proponentes, eles (os fiadores) ficariam com a casa. Mas tal não é verdade. Os titulares do crédito têm uma casa e uma dívida, mas o fiador apenas tem a dívida.

Por vezes podemos ficar orgulhosos porque alguém nos pede para ser fiadores. Achamos que estamos a ser a ajuda para outros e até ficamos satisfeitos por nos considerarem como alguém com capacidade financeira, ao ponto de dar conforto a uma operação de crédito. Mas esse sentimento dura pouco e de nada vale.

O mais comum é ouvir pessoas que assumem ter sido o maior erro da vida ter sido fiador. Quando começam as dificuldades com o pagamento dos créditos, rapidamente o fiador percebe que não tem direitos fáceis de vingar e que a responsabilidade é muito maior que qualquer eventual direito. Não vale a pena complicar a definição de fiador. De forma simples e clara o fiador assume que vai pagar a dívida de outra pessoa, no caso desta não conseguir. E quando chega essa altura, os bancos não perdoam.

Se vai ser fiador de alguma operação de crédito siga estes breves conselhos:

  • Seja prudente

Por muito bem que se dê com determinada pessoa, nunca seja fiador apenas por amizade. Proteja-se de diferentes cenários. A vida muda muito rapidamente e as pessoas que hoje são próximas amanhã podem estar bem longe de nós. Garanta que os laços que vos unem são fortes e duradouros e que sabem como agir se surgirem dificuldades. É provável que na altura inicial dos contratos estejam todos otimistas com o futuro, mas mais vale ser prudente e antecipar os piores cenários. É normal que ninguém queira que esses cenários se realizem, apenas acautele-se para não sofrer alguma surpresa desagradável.

  • Conheça o contrato com detalhe

Há contratos que preveem algumas proteções para o fiador, nomeadamente o direito de Excussão Prévia. Este direito permite ao fiador, em caso de incumprimento por parte do devedor, exigir ao credor que venda primeiro os bens do devedor e só depois é que o fiador poderá ser chamado a pagar a dívida. Por exemplo, se estivermos a falar de um crédito hipotecário, o fiador pode exigir ao banco que execute primeiro a hipoteca da casa e só depois é que o fiador assume a dívida. No entanto, na maioria dos contratos que assina o fiador está a dizer que renuncia a esse direito.

  • Acompanhe o bom cumprimento do crédito

Como fiador de uma dívida está a assumir que vai zelar pelo bom cumprimento do contrato. Para garantir que não lhe falta informação é importante que consulte com frequência o seu mapa do Banco de Portugal com a Central de Responsabilidades de Crédito (CRC). O mapa CRC tem descrito todos os seus créditos em vigor, assim como os créditos que eventualmente seja fiador. Nestes casos aparece reportado no mapa com o código de “potencial”. Isto significa que por agora não é uma responsabilidade sua, mas a qualquer altura poderá vir a ser chamado à responsabilidade por essa dívida. De nada serve dizer ao banco que não tinha conhecimento que o titular do crédito estava com dificuldades em pagar a dívida. É da responsabilidade do fiador pagar quando o titular do crédito não consegue. Seja em que circunstância for.

Se é fiador e está preocupado que venha a ser chamado pelo pagamento de algum incumprimento, aconselhamos vivamente que incentive o titular desse crédito a marcar uma consulta de diagnóstico gratuito com o Doutor Finanças. Há formas de negociar novas condições nos créditos que permitem que os clientes consigam cumprir com o bom pagamento das suas prestações. Já há milhares de famílias que beneficiaram destas ajudas.

Doutor Finanças