Ou seja, é aconselhável distribuir o dinheiro por produtos diferentes, com níveis de risco distintos, de forma a garantir alguma segurança. Mas, quando invisto num fundo, já com alguma diversificação, não estou a assegurar essa garantia?
Em parte, sim. Mas um fundo funciona como um todo e uma carteira bem diversificada inclui o tal fundo de investimento (diversificado) mas também outros produtos, como uma conta poupança, com maior mobilidade, ou ainda uma conta à ordem, com dinheiro disponível para fazer face às emergências.
O objetivo de diversificar não é aumentar o desempenho. A diversificação, por si só, não garante ganhos nem é um seguro contra eventuais perdas. No entanto, depois de definir os seus objetivos, de acordo com o seu perfil de risco, um horizonte temporal, tolerância à volatilidade dos mercados, a diversificação permite melhorar o retorno para o nível de risco definido.
Para construir uma carteira bem diversificada, o investidor deve ter em conta e analisar o histórico de ações, obrigações, contas poupança, que, em determinados momentos, tenham registado movimentos opostos. Ou seja, mesmo durante um período de crise e queda das bolsas, há produtos que conseguem divergir e ter ganhos, contra a corrente de perda de outros.
Nada é garantido, mas o mais certo é que ao construir uma carteira com esta diversificação, consiga fazer face a eventuais perdas. Enquanto uns descem, outros sobem, conseguindo um equilíbrio no seu investimento.
Uma carteira diversificada, equilibrada com produtos que se movimentem em sentidos opostos, será sempre a melhor opção para investir
Outro aspecto a ter em conta na sua carteira, assenta na diversificação dentro do mesmo tipo de produto. Ou seja, é desaconselhável ter mais de 5% de uma mesma ação no seu portfólio. Se quer aplicar, por exemplo, 10% em ações, mais vale dividir esse valor por ações de diferentes empresas e setores.
O mesmo se passa com os outros produtos. Quanto mais variado, menor será o risco de ver toda a sua carteira descer como um todo num momento de quebra nos mercados.
A diversificação já deu provas do seu valor a longo prazo
Numa análise realizada pela Fidelity, durante a queda de mercado em 2008/2009, diferentes produtos perderam valor ao mesmo tempo. Isto dá a sensação que a diversificação falhou, mas não é verdade.
O exemplo considerou o desempenho de três carteiras possíveis: Uma carteira diversificada com 70% de ações, 25% obrigações e 5% de investimento de curto prazo. A segunda carteira, incluía um portfólio constituído a 100% por ações; e uma outra carteira composta por dinheiro aplicado em contas poupança.
A conclusão é que a diversificação ajudou a limitar as perdas registadas com esta crise.*
No final de fevereiro de 2009, tanto a carteira de ações como a carteira diversificada, registaram quebras acentuadas. A carteira de ações perdeu quase metade do seu valor inicial (-49.7%). E sim, olhando para este exemplo, a carteira diversificada também perdeu 35%, mas de forma menos acentuada do que a carteira composta apenas por ações. A aplicação em dinheiro, manteve-se superior a estes dois investimentos ao longo destes 14 meses.
Mas, analisando um prazo superior, o cenário é completamente diferente.
Cinco anos depois da queda, o exemplo de carteira de ações desenhado pela Fidelity, cresceu 162.3%, a diversificada 99.7%, enquanto o ganho com a aplicação em dinheiro registou apenas 0.3%.
Esta volatilidade dos mercados, o risco e o tempo, são fatores a ter em conta quando se pretende investir. Neste cenário, os investidores que, nos primeiros 14 meses, começaram a ver as suas carteiras a perder valor, e as resgataram, perderam dinheiro. Do outro lado, os que tiveram capacidade de esperar pela recuperação, duplicaram o investimento inicial.
E quem não pode esperar cinco anos?
Vamos imaginar o seguinte cenário: uma pessoa consegue acumular uma poupança de 10 mil euros. Deixar esse dinheiro numa conta à ordem, além de não render juros aceitáveis, pode facilmente gastá-lo de forma descontrolada. Por isso, esse investidor decide apostar num fundo com risco mínimo. Além de variado, é um produto financeiro criado à medida de um perfil de risco conservador. Atenção, nenhum fundo garante o investimento inicial. Está dependente dos mercados e tanto pode crescer como registar quebras.
Ao fim de um ano, em virtude de uma crise financeira, esse fundo sofre uma quebra e os 10 mil euros são agora 9 mil. As perspectivas num prazo mais alargado são animadoras e os analistas prevêm um crescimento considerável nos próximos anos. Ao mesmo tempo, o investidor precisa de recorrer ao dinheiro para fazer face a um qualquer imprevisto.
Ao resgatar o fundo, vai perder dinheiro, neste cenário hipotético, mil euros, mais as comissões. O ideal, seria esperar pela recuperação, que pode ser mais ou menos demorada. Mas o investidor, precisa mesmo do dinheiro, recorda-se?
Cenário 2
Imagine agora o cenário em que o investidor aplica 5 mil euros no mesmo fundo, 2 mil numa conta poupança, e 3 mil em ações de diversas empresas. O dinheiro da conta poupança, sem risco de perder o capital investido. A taxa de juro é muito menor do que os ganhos potenciais do Fundo de Investimento, ou das ações, mas terá sempre, pelo menos, 2 mil euros disponíveis para fazer face ao tal imprevisto. Aqui está mais uma vantagem da diversificação.
O mercado financeiro disponibiliza uma variedade de produtos que permite aos investidores diversificar as carteiras da forma que mais lhes convém, prevenindo os riscos associados a uma aposta agressiva num único.
No entanto, não precisa de colocar dinheiro em todos eles. Apenas tem de escolher aqueles que mais se adequam às suas necessidades. E ter em conta que produtos com menor risco, demoram mais a render.
Pode ainda optar por manter uma conta à ordem, para fazer face às questões de grande urgência e depois há toda uma oferta que vai desde obrigações, ações ou seguros. Sim, alguns fundos incluem já estes produtos mas sobem e descem como um todo.
Concluindo, uma carteira diversificada, equilibrada com produtos que se movimentem em sentidos opostos, será sempre a melhor opção para investir. Esta carteira deve ainda incluir uma conta poupança, depósito a prazo ou um seguro de capitalização garantido, de forma a assegurar alguma liquidez no curto prazo.
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