Nascemos livres e morremos livres. A uma dada altura do nosso desenvolvimento, por exemplo no início da idade adulta, abraçamos o desafio de seguirmos as nossas próprias convicções, ideais, crenças, necessidades, valores, através da coerência e da integridade, reconhecido pelo nosso próprio cunho/identidade.

O nosso desenvolvimento pessoal depende da liberdade de escolha e expressão, mas por outro lado dependemos de relações significativas, sistema complexo e (des) sincronizado de dinâmicas, enraizados na cultura da família, da comunidade e da sociedade.

O sentimento de posse é o oposto ao sentimento de pertença. Se somos livres, de acordo com os direitos humanos universais, qualquer ser humano não pode ser dominado/controlado pela obsessão do outro. Erradamente existem tradições que evocam o amor (e o sexo) e a necessidade de se sentir íntimo e especial para alguém através do sentimento de posse. É um mito.

O sentimento de posse é alimentado pela exaltação sofrida, melodramática e os jogos psicológicos de domínio (amor dependente), onde exigimos ao outro a responsabilidade em satisfazer a nossa própria felicidade fantasiosa e as expetativas irreais (vitimização). Isto é, como não conseguimos preencher as nossas próprias necessidades básicas e estar seguros, exigimos ao outro que faça o trabalho por nós: “Se realmente gostas de mim… não deves fazer isto ou aquilo… e/ou tens que fazer aquilo que te peço/imploro senão fico a sofrer por tua causa”.

Nestas alturas, fazemos exigências que ninguém pode preencher, porque são as nossas ilusões e fantasias que alimentam o sentimento de posse. Sabia que a violência doméstica está associada ao sentimento de posse?

O sentimento de pertença reforça os relacionamentos saudáveis e os afetos, porque existe a liberdade de ser, é um acordo mútuo, apoiado na confiança, na honestidade e na coesão, onde ambas as pessoas têm a legitimidade à sua individualidade, ao seu desenvolvimento e crescimento. Respeitam os limites e os compromissos do acordo, vivem abertos à mudança, à lealdade, à intimidade e aos desafios do dia-a-dia. As pessoas não permanecem estáticas, pelo contrário, as pessoas mudam e o mesmo acontece aos relacionamentos. É um processo orgânico onde não existem acordos com garantia vitalícia, dependem somente da liberdade. As pessoas pertencem ao mesmo projecto (acordo), porque se revêem nos mesmos princípios, sonhos e objectivos.

Potencie o sentimento de pertença e repudie o sentimento de posse.

João Alexandre Rodrigues

Addiction Counselor 
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