Mudar de comportamento poderá revelar-se um sério dilema, a médio e a longo prazo. Existem pelo menos dois fatores que contribuem para dificultar a mudança: 1. Ambivalência e 2. Resistência.
Algumas afirmações comuns: “Ontem queria mudar o meu comportamento, mas hoje quando acordei já não quero mudar. Ontem queria, mas hoje não quero. Mas, afinal, o que é que se passa comigo? Já não sei o que quero”
A motivação para a mudança é dinâmica e multidimensional. Isto é, hoje podemos estar motivados, mas amanhã a motivação desaparece, para nosso espanto. Sentimo-nos divididos e confusos porque não sabemos o que fazer. E quando não sabemos como e o quê ,optamos por permanecer na mesma, mesmo que isso se revele desconfortável para a consciência. Em algumas situações mais complexas, podemos até pressupor que existe algo de errado com o nosso estado mental.
As boas notícias são: queremos mas depois não queremos é normal, aceitável e compreensível. As más notícias são: se estamos em ambivalência ou a resistir à mudança, precisamos de assumir a responsabilidade pelos nossos sentimentos e comportamentos e parar de culpar o mundo, as situações e as pessoas à nossa volta pelo infortúnio.
A vida é difícil e complicada. Perante a mudança de comportamentos (automatismos, rituais e rotinas), as pessoas lutam com problemas, conflitos e inquietações. Quando estamos ambivalentes, em relação a algo que precisamos de mudar, ficamos mais sensíveis e /ou resistentes em relação ao tema em questão. Ficamos mais reservados e resistente ao diálogo, à crítica e ao feedback. Por exemplo, se queremos parar de fumar, mas as tentativas para o fazer revelam-se frustrantes, optamos por não querer falar abertamente sobre o assunto. Fora da nossa zona de segurança, todos nós, conhecemos a ambivalência e a resistência à mudança.
Compreender a motivação é o primeiro passo
- A falta de motivação não significa desistência e desilusão, mas um desafio a ser compreendido e discutido o mais honestamente possível.
- A motivação para a mudança não reside somente dentro de nós, envolve o contexto à nossa volta, lugares, pessoas e coisas.
- Certas coisas podem ter acontecido à nossa volta, mas na realidade aquilo que aconteceu foi dentro de nós que provocou a mudança.
- Ao início a motivação para a mudança contempla a decisão para com o objetivo, mais tarde reforça a decisão para o compromisso.
- Compreender a motivação é o equivalente a uma maratona em vez de uma corrida de 100 metros.
- A motivação para mudança não erradica os sentimentos coexistentes de conflito e resistência, ajuda a identificar e a compreende-los. Há dias que estamos mais confusos sobre a mudança que noutros, nesse sentido, podemos agarrar todas as oportunidades para nos motivar.
- A fim de se auto motivar concentre-se nas tarefas, responsabilidades, convicções/regras e através da perceção das outras pessoas. Lide com sentimentos, medo, ansiedade, vergonha e com a culpa.
- Elabore duas listas 1. Aspetos positivos da mudança. 2. Aspetos negativos da mudança. Contemple as duas listas e tire as suas conclusões. Poderá beneficiar, deste trabalho, se se fizer acompanhar de uma pessoa. Peça feedback crítico.
“Toda a grande obra supõe um sacrifício, e no próprio sacrifício se encontra a mais bela e a mais valiosa das recompensas.” Professor Agostinho da Silva
Por João Alexandre Rodrigues
Addiction Counselor
Tel.:91 488 5546
Comentários