As doenças de pigmentação ou discromias melânicas são todas as modificações patológicas da cor da pele. Podem ser difusas ou localizadas, no sentido de aumento ou diminuição da pigmentação, por alteração da distribuição da melanina e/ou por alterações da cor do tegumento devido à presença de um pigmento anormal.

A cor da pele resulta da difracção da luz através dos vários pigmentos nela presentes - melanina, hemoglobina reduzida e oxidada, caroteno e das estruturas epidérmicas e dérmicas. A melanina exerce uma função protectora para a radiação luminosa e é o pigmento cutâneo propriamente dito. Este pigmento modula a cor da pele desde o branco ao negro, passando pelo moreno, entre outras.

As discromias melânicas podem ser classificadas como hiperpigmentações e/ou hipopigmentações melânicas. As hiperpigmentações melânicas são, na sua maioria, devidas a:

- Um aumento do número de melanossomas normais.
- Produção de melanossomas anormais - melanossomas gigante.
- Disposição de grande quantidade de melanina por hiperprodução de tirosinase.
- Alteração da transferência dos melanossomas para os queratinócitos, com disfunção da sua normal distribuição epidérmica.

É de referir o diferente aspecto das hiperpigmentações tendo em conta se a acumulação de melanina se efectua na epiderme ou na derme. Quando a acumulação se efectua na epiderme, as hipermelanoses são geralmente castanhas ou negras, enquanto que nas acumulações dérmicas o tegumento fica cinzento ou azulado.

As hipopigmentações melânicas dividem-se em dois grupos, conforme se verifica ausência a nível do tegumento ou dos folículos pilosos de melanócitos, ou se verifica que o número destes é normal. A ausência de melanócitos é determinada ou por defeito da diferenciação dos melanoblastos ou pelo aumento de destruição deste tipo de células.

Tal como foi já referido, as hipomelanoses podem observar-se também com número de melanócitos normal na camada basal, em consequência de alterações ocorridas nas várias fases da melanogénese, tais como: bloqueio de formação de melanossomas ou da síntese de melanina; anomalia da melanização ou da transferência dos melanossomas para os queratinócitos; ou por aumento da degradação dos melanossomas nos queratinócitos.

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Discromias melânicas
As discromias melânicas, quer as hiperpigmentações quer as hipopigmentações, podem ser classificadas como congénitas ou adquiridas sendo que as adquiridas se encontram divididas em circunscritas (delimitadas, localizadas) ou difusas (difundidas, espalhadas).

Neste artigo são analisadas quatro discromias melânicas, três hipermelanoses e uma hipomelanose. Das três hipermelanoses uma é congénita - efélides - e duas são adquiridas - lentigo senil (manchas senis) e melasma. A hipomelanose analisada é uma hipomelanose adquirida - o vitiligo.

Efélides ou Sardas
As efélides ou sardas são hiperpigmentações melânicas de natureza familiar e transmissão com carácter autossómico dominante. São hiperpigmentações congénitas lenticulares que não se encontram presentes no nascimento surgem apenas cerca dos ¾ anos de idade.

São comuns em indivíduos de pele clara e cabelo louro ou ruivo, são lesões constantes, desde o seu aparecimento, mas têm tendência para regredirem na idade avançada. As efélides são máculas pequenas, bem delimitadas, de cor castanha clara, localizadas na face, pescoço, ombros e superfícies de extensão dos membros superiores.

Não causam qualquer alteração subjectiva, são formadas pela acumulação relativa de melanócitos dendríticos de maior volume e com maior actividade melanogénica, sem modificação da estrutura epidérmica adjacente. A exposição ao sol ou às radiações ultravioletas acentuam a pigmentação, por isso as efélides tornam-se mais visíveis no Verão.

Lentigos Senis (Manchas Senis)
Os lentigos senis são, ao contrário das efélides, de aparecimento tardio e constituem uma hiperqueratose provocada por um processo degenerativo da pele. Localizam-se em áreas expostas, dorso das mãos e braços, face, ombros, etc. O seu aparecimento ocorre sobretudo em pessoas de pele, olhos e cabelos claros.

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Surgem também em pessoas de idade principalmente em pessoas que se expõem ou muito ao sol, estas manchas são provocadas pelo mal causado pelo sol, só que este mal leva tempo a aparecer, as melanoses solares são mais comuns em pessoas de idade, por isso o nome senil.

Os lentigos senis caracterizam-se por pequenas manchas hiperpigmentadas, acastanhadas, de limites irregulares e pouco definidos, de superfície lisa ou ligeiramente escamosa.

A histologia revela que existe uma atrofia da epiderme, que alterna com estreitos alongamentos interpapilares, um acentuado reforço da pigmentação melânica e elastose solar da derme papilar. Assim ocorre um aumento no número de melanócitos e da sua actividade que produzem mais melanina causando assim as manchas.

● Prevenção e tratamento
A prevenção é o ideal para impedir o aparecimento das manchas senis, deve ser feita através do uso de protecção solar principalmente nas áreas continuamente expostas ao sol. Esta prevenção deve ser feita diariamente e não apenas quando se expõe ao sol na praia ou piscina, pois o sol do dia a dia também danifica e altera as células que, no futuro, vão sofrer alterações e dar origem às manchas.

O tratamento deve ser feito por um especialista, ou seja, por um dermatologista e pode ser realizado de várias maneiras, como a criocirurgia, peelings químicos, dermoabrasão e laser. Os resultados costumam ser satisfatórios desde que a técnica usada seja empregue de forma adequada.

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Melasma
O melasma é uma hiperpigmentação adquirida, localizada, que se encontra principalmente em mulheres de raça asiática ou hispânica, assim como em mulheres de pele mais escura. O melasma é também designado como cloasma gravídico quando surge na gravidez.

O cloasma acompanha outras hiperpigmentações que ocorrem habitualmente durante a gravidez, tais como hiperpigmentações na linha branca infra-umbilical, na região peri-anal, nas aréolas mamárias, etc.

Ambas as hiperpigmentações, melasma e cloasma, são constituídas por manchas castanhas, cinzentas ou azuis, irregulares mas bem delimitadas e, em regra, com disposição simétrica. Os locais mais afectados são a região centro-facial e a região malar.

Sabe-se que existem vários factores que contribuem para o aparecimento do melasma:

Predisposição genética
Filhas de mães com melasma têm maior tendência para ter melasma;
Hormonas
O melasma agrava-se com a gravidez, com a utilização da pílula e no caso dos homens pode observar-se melasma durante o tratamento hormonal do carcinoma da próstata;
Exposição ao sol
O sol agrava bastante quer o melasma quer o cloasma, assim o aspecto da lesão costuma ser pior no Verão.

● Tratamento
O tratamento inclui sempre protecção solar, sendo o mais importante a consciencialização da importância da protecção solar diária. Os doentes devem utilizar protectores solares potentes e sempre que possível evitar a exposição solar.

Podem também ser utilizados cremes despigmentantes mas, para além de demorarem muito tempo a fazer efeito, nem sempre são eficazes. Outros tratamentos incluem: laser, peelings e dermoabrasão.

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Vitiligo
O vitiligo é uma hipopigmentação, doença caracterizada pela despigmentação da pele, que forma manchas acrómicas de bordo bem delimitado. As zonas afectadas não têm melanócitos por isso são brancas.

A doença é mais visível em doentes com um maior fototipo, por exemplo, o vitiligo adquire um aspecto mais grave na raça negra do que numa pele de fototipo I ou II. Afecta 0.5 a 2% da população, pode aparecer em qualquer idade, embora seja mais frequente na segunda década de vida, e tem um certo componente genético.

É mais frequente em doentes com patologias oculares do que na população em geral. Os locais mais afectados são: dorso das mãos, punhos, dedos, axilas, pescoço, cotovelos, joelhos, virilhas, antebraços, região peri-bucal e região peri-ocular.

O tamanho das manchas tem tendência para aumentar com o tempo e esse aumento pode ser lento ou rápido. Existem várias formas de vitiligo e a sua gravidade é variável, o vitiligo pode atingir apenas uma região pequena ou quase toda a superfície corporal.

A evolução do vitiligo é imprevisível, pode progredir rapidamente ou manter-se estável durante muito tempo. A repigmentação espontânea - cura parcial - das lesões sem tratamento pode ocorrer, mas a cura total sem tratamento é muito rara.

● Prevenção e tratamento
Não existe nenhum método de prevenção para a doença ou para a sua progressão. A exposição solar aumenta o contraste entre a pele normal e a pele despigmentada, logo os doentes afectados devem evitar esta exposição.

O uso de protectores solares adequados na pele despigmentada é fundamental para a proteger de queimaduras e evitar possíveis danos solares a longo prazo. Os métodos de tratamento utilizados podem ser: fototerapia, corticóides, micropigmentação, laser, etc.

Fotografia: Clarins
Revisão técnica: Ricardo Coelho, dermatologista
Agradecimentos: Sílvia Moreira, esteticista/massagista de estética