Impulsionado pelo coração, o sangue leva a todas as células
do organismo substâncias essenciais à vida. Entre os principais componentes do
sangue estão os eritrócitos ou glóbulos vermelhos, que mais não são do que
pequenos “sacos” cheios de hemoglobina, uma proteína complexa que se liga ao
oxigénio do ar respirado e o liberta depois em todas as células do organismo.

Quando diminui o número de glóbulos vermelhos ou a
quantidade de hemoglobina neles presente, altera-se a capacidade de transporte
do oxigénio e surge um quadro de anemia cujos sintomas mais habituais são a
fadiga crónica, a fraqueza, a falta de ar e as cefaleias. Os sinais mais
evidente são a palidez da pele e mucosas e, em casos agudos, a síncope ou até a
paragem cardíaca.

Sob o termo anemia, que etimologicamente significa “sem
sangue”, albergam-se um sem número de situações provocadas por causas diversas
das quais a anemia é apenas e muitas vezes a manifestação mais evidente. Estas
causas agrupam-se em três grupos comuns:

1. Perdas de sangue (hemorragias) agudas e não agudas;

2. Diminuição da produção de glóbulos vermelhos;

3. Aumento da destruição dos glóbulos vermelhos.

O diagnóstico das hemorragias agudas provocadas pela rutura
de uma artéria importante (traumatismo, aborto clandestino, acidente cirúrgico,
corrosão de artéria gástrica por toma de aspirina, entre outros), é
predominantemente clínico, tendo a participação do laboratório um valor
secundário nos momentos iniciais. Já nas restantes situações, que podem ir das
perdas crónicas de sangue até às deficiências alimentares, às causas genéticas
ou à leucemia, o diagnóstico laboratorial é fundamental para esclarecer a
situação.

É que o exame clínico é, na maioria dos casos, pouco
esclarecedor, inclusive no que respeita ou não à existência de anemia. Esta é,
aliás, uma das situações em que o diagnóstico deve ser determinado pelo
encadear dos dados laboratoriais sendo o relatório do médico patologista
clínico essencial.

São inúmeros os exames a que este recorre para fazer o
diagnóstico da anemia. O primeiro é o hemograma. É constituído pela
concentração da hemoglobina no sangue, número de eritrócitos, hematócrito
(volume ocupado pelos eritrócitos), relações entre estes parâmetros, número de
glóbulos brancos (leucócitos) e características microscópicas dos eritrócitos e
leucócitos.

Se a hemoglobina for normal não existe anemia. Se for
anormal a avaliação dos restantes parâmetros do hemograma permitem orientar a
escolha de outros exames que permitirão o diagnóstico do tipo de anemia em
questão. Disso nos ocuparemos nos próximos artigos.


                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        Por Germano de Sousa