É mais fácil adquiri-los, já secos, embalados num supermercado. Mas porque não plantá-los e comer os pistáchios novos, verdes, sem sal, diretamente
da árvore nas noites ainda quentes de outubro,
quando o sol começa a deitar-se mais cedo e enrolá-los num
daqueles pães achatados que se fazem no Irão e na Índia,
ainda mornos, acompanhados com uma cerveja fresca é um
prazer indescritível, daqueles a que é impossível resistir.

No Médio Oriente, a população tem uma dependência
por pistáchios verdes. Mustafa Kemal Ataturk, primeiro
presidente da Turquia, trabalhava muito, parava às quatro
da tarde e, depois, comia pistáchios. Em Teerão, em outubro,
o fundo dos carros está coberto de cascas de pistáchios.
Quando os semáforos ficam vermelhos, é hora de comer
pistáchios. Uma verdadeira dependência... Frequentemente, questiono-me por que motivos ainda
cultivo pistáchios, nomeadamente da espécie pistacia vera.

As árvores são difíceis de encontrar (as minhas vieram da
Túrquia, Tunísia e Espanha), a reprodução por semente não é fiel,
a taxa de mortalidade na transplantação em raiz nua é de 50%
(deve regar bem depois de transplantar e preferir árvores em
vasos), o crescimento da árvore é lento. A árvore que lhes dá origem necessita de limpeza constante. A enxertia é difícil, o porta-enxerto (pistacia lentiscus) rejeita
muito. Os ramos devem
ser cortados em janeiro, caso contrário crescem em todas as direções. Se cortados
em vegetação, cicatrizam mal.

A frutificação é tardia (entre
5 a 8 anos) e a produção é baixa nos primeiros 20 anos. Não são
árvores bonitas no inverno. A recolha do fruto é feita em outubro e estes devem ser descascados
de imediato, ou a amêndoa não se conserva, seguido de
uma secagem a 70° C. O maior problema está ainda na sexualidade das árvores.
Devem plantar-se os pistáchios masculinos no lado contrário ao
vento. Plante uma árvore masculina para cada nove a 10 femininas,
mas depende da forma como está o pomar.

Se estiver em linha,
serão necessárias mais árvores masculinas. Plante a cada 6 metros
em clima atlântico e a cada 4 metros em clima mediterrânico. A fecundação, por sua vez, exige uma boa seleção de variedades.
A senhora pistáchio (árvore forte e grossa) só fica fértil
durante algumas semanas e principalmente de manhã e o senhor
pistáchio (árvore magra) só fica disponível durante pouco
tempo e frequentemente após o meio dia. São, então, necessários
fecundadores adaptados às árvores femininas.

Se quiser aumentar
as vossas probabilidades de sucesso, plante uma árvore masculina
para cada duas femininas. Esse é o meu conselho. O interior do nosso país tem um clima adaptado a estas
árvores. O pistáchio gosta de solos duros, ingratos, gosta de frio no
inverno. Precisa de, pelo menos 500 horas de temperaturas abaixo
dos
7° C para frutificar.

Esta árvore suporta os 10° C negativos e o muito calor e temperaturas altas no verão.
É necessária alguma irrigação mas pouca, e aceita águas de
aquíferos profundos, mesmo se salinisadas. Mas o pistáchio
gosta de solos calcários, não suporta a acidez, como no
Alentejo, onde são gravemente atacadas pela ferrugem nas
folhas que caiem sempre que o frio se faz sentir.

Texto: J.P. Brigand