A causa desta intolerância pode ser genética (deficiência primária da lactase). No entanto, a maioria das situações, trata-se de uma deficiência de lactase (enzima que digere a lactose) secundária, provocada por alterações ou doenças do intestino. Esta pode ser provocada, por exemplo, pelas infecções ou intoxicações alimentares.

Está na moda dizer mal do leite, mas o leite faz bem
Está na moda dizer mal do leite, mas o leite faz bem
Ver artigo

O leite é uma excelente fonte de proteínas de alto valor biológico. É também veículo de várias vitaminas (vitaminas do complexo B, vitamina D e vitamina A) e minerais (cálcio, zinco, fósforo e magnésio), importantes na saúde óssea e muscular. Porém, em caso de intolerância, a melhor alternativa é escolher alimentos do grupo dos lacticínios que tenham um menor teor de lactose ou que sejam isentos.

Uma excelente opção é o queijo flamengo, que não contém lactose, o que cria uma alternativa saborosa, prática e nutritiva ao leite de vaca. O queijo flamento é um alimento altamente nutritivo, sendo rico em cálcio e proteínas.

Esta característica deve-se ao normal desenrolar da sua produção, em que os fermentos que permitem a maturação do queijo desdobram a lactose em glicose e galactose, que são mais facilmente digeridos pelo organismo.

Se é intolerante à lactose, lembre-se desta alternativa da próxima vez que for às compras. Duas fatias finas de queijo flamengo (40g) por dia cumprem os requisitos nutricionais da Roda dos Alimentos para perfazer uma porção* deste grupo, equivalente a uma chávena almoçadeira de leite (2,5dl), evitando os sintomas desagradáveis do consumo de lactose.

Alergia e intolerância: problemas diferentes

Deve ter ainda em conta que a intolerância à lactose é frequentemente confundida com uma alergia, mas os mecanismos de ambas divergem. Uma pessoa que tenha uma alergia reage a qualquer pequena partícula com reações graves. Já a intolerância à lactose é um problema de digestão, em que o organismo é incapaz de digerir de forma eficiente a lactose, que é o açúcar presente no leite e seus derivados.

A presença da lactose mal digerida no intestino provoca desconforto, com inchaço abdominal, flatulência, cólicas, náuseas ou diarreia, e em geral começam 30 minutos a duas horas após a sua ingestão. Em geral, é possível consumir pequenas porções de lactose sem consequências secundárias, já que o efeito depende da dose, não interferindo com o sistema imunitário (ao contrário das alergias). Para quem é intolerante, aprender a dosear a quantidade de lactose que ingere, é uma aprendizagem individual e intransmissível.

Lembre-se: a tolerância à lactose só pode ser comprovada com testes específicos. Se desconfia ser intolerante, faça os testes. Não remova o leite da sua alimentação sem estar seguro dos seus efeitos secundários, pois é um alimento muito importante e essencial para manter uma alimentação saudável e equilibrada. Se está seguro de que padece desta condição, então opte por alternativas com menor teor de lactose ou isentas, como o queijo flamengo que, graças ao seu processo de produção, não contém lactose e é um alimento de grande riqueza nutricional.

*A recomendação diária para a população portuguesa é de duas a três porções por dia (a dose inferior adequada a crianças de 1-3 anos e a superior adequada para rapazes adolescentes e homens fisicamente ativos)

As explicações são da nutricionista Maria Paes de Vasconcelos.