Existem vários tipos de vírus herpes que infetam humanos, como o herpes simplex, o vírus da varicela, o vírus citomegalo, o virus Epstein-Barr e o vírus Kaposi.
Uma das propriedades principais dos vírus herpes é a sua capacidade de provocarem infeções para toda a vida e, numa proporção de pessoas infetadas, originar cancro. Uma característica dos cancros associados à infeção por vírus Kaposi é a da viabilidade das células cancerígenas dependerem do vírus. Ou seja, ao eliminar o vírus as células deixam de proliferar e o cancro é curado, explica o iMM em comunicado.
Em colaboração com a Harvard-Medical School, a equipa liderada pelo investigador Pedro Simas, investigou uma proteína do vírus Kaposi vital para a manutenção da infeção. Sem esta proteína denominada LANA, o vírus não consegue causar cancro.
A equipa descobriu que quando a proteína LANA é clonada num vírus similar ao Kaposi, mas que infeta ratinhos em vez de humanos, mantém-se funcional. Este facto é surpreendente uma vez que era assumido que devido à divergência evolutiva entre vírus humanos e de outros animais, os genes que dão origem à proteína LANA não poderiam ser trocados.
No entanto, este estudo agora publicado na revista PlosPathogens, veio demonstrar que apesar de mais de 60 milhões de anos de divergência evolutiva entre o vírus Kaposi humano e o seu equivalente em ratinho, o mecanismo de funcionamento da proteína LANA foi conservado.
Moléculas que poderão dar origem a medicamentos
Esta descoberta permitiu criar um vírus quimera, ou seja, um vírus de ratinho com um gene de vírus de humano, que irá permitir testar moléculas num modelo animal que inibam a proteína LANA humana e desta maneira tratar não só a infeção causada pelos vírus herpes como também os cancros associados aos seres humanos. Estas moléculas podem futuramente ser utilizadas como medicamentos para curar os linfomas associados a infeções pelo vírus Kaposi.
"Para além do vírus Kaposi, a mesma estratégia experimental de criar vírus quimeras, previamente considerada teoricamente não viável, pode ser agora usada para outros vírus que usam proteínas equivalentes à LANA tais como, o vírus de Epstein-Barr, que infeta mais de 90% da população mundial, ou vo írus do papiloma que causa cancro do colo do útero", explicou Pedro Simas.
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