"Está na altura de rasgarmos as paredes hospitalares, fazermos internamentos no domicílio do doente, sempre com base numa decisão clínica apurada (…), tendo nós de combater ferozmente as hospitalizações desnecessárias", afirmou Vieira Pires.

Este responsável, que falava durante a sessão de abertura do 3.º Congresso Médico da Beira Interior que decorre até sábado em Castelo Branco, sublinhou que o internamento ao domicílio já foi feito e ainda continua a acontecer, sobretudo, nos cuidados paliativos.

"Há que implementar [o internamento no domicílio] em outras especialidades. O acolhimento e o tratamento do doente no seu lar é meio caminho andado para um tratamento eficaz", sustentou.

O presidente da ULS de Castelo Branco e do congresso alertou também para a necessidade de trabalhar em equipa.

"Impõe-se igualmente ressuscitar o trabalho de equipa, tendo sempre em mente que em medicina, como em tudo na vida, deve imperar o bom senso, apelando a uma terapêutica tão eficaz quanto segura e que permita tratar todos os doentes e não uma pequena elite de acesso fácil aos cuidados de saúde. Mas, para isso, temos que manter o Serviço Nacional de Saúde (SNS) sustentável", frisou.

Vieira Pires recordou que apesar de este ser um congresso médico do interior, os clínicos não têm que trabalhar num hospital ou serviço necessariamente pobre.

"Não deverão faltar recursos humanos e, nesse sentido, temos pressionado os governos que têm correspondido às necessidades. A ULS de Castelo Branco, especificamente, tem várias especialidades onde não havia médicos e hoje já tem", sustentou.

Este responsável defendeu ainda que os recursos materiais devem ser iguais em todo o lado, para que a qualidade dos hospitais e das ULS se mantenha igual em todo o lado.

"Haverá que, dentro da capacidade financeira do SNS, abandonar camas sem proteção, por vezes responsáveis por quedas fatais, cadeiras com tiras de adesivo e o mais grave de tudo, é que muitas vezes não se preserva o recato a que qualquer doente tem direito", disse.

O presidente da ULS de Castelo Branco defendeu também a academização dos hospitais que concorrem para a formação médica.

E, no caso dos hospitais presentes no congresso (Castelo Branco, Covilhã e Guarda), essa academização "deve ser feita de modo inequívoco nos três hospitais sem exceção, devendo haver igualdade de tratamento para com todos os médicos que ensinam ou pretendem ensinar e a equidade de oportunidade impõe-se a todo o momento", concluiu.