O aumento da temperatura média anual - medida entre outubro de 2014 e setembro de 2015 - foi de 1,3 graus Celsius, "a mais elevada desde que, em 1900, começaram a ser feitos registos", revela o relatório anual da norte-americana Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA, na sigla em inglês).

Quanto ao máximo anual do gelo no mar, este ano ocorreu a 25 de fevereiro, duas semanas mais cedo do que a média, sendo "a menor extensão verificada desde que, em 1979, tiveram início os registos" nesta área.

"O aquecimento está a ocorrer praticamente ao dobro da velocidade no Ártico, quando comparado com qualquer outro lugar do mundo. Sabemos que isso se deve às alterações climáticas e os seus impactos estão a criar grandes desafios para as comunidades do Ártico", afirmou o cientista principal da NOAA, Rick Spinrad, em São Francisco, alertando que "o que acontece no Ártico não se fica pelo Ártico".

Quanto à extensão mínima de gelo marinho, medida a 11 de setembro passado, foi a quarta mais baixa nos registos por satélite desde 1979.

"A extensão mínima de gelo marinho do Ártico tem estado a diminuir a uma ritmo de 13,4% por década" se tivermos em conta a média de 1981-2010, afirmam os estudos.

Na década de 1980, as camadas de gelo mais antigas e mais grossas compunham cerca de metade das placas de gelo, mas agora é o "gelo de primeiro ano" que domina, representando até 70% das placas de gelo em março passado.

A camada mais jovem e mais fina tem maiores probabilidades de derreter no verão, afirma o relatório, segundo o qual a cobertura de neve no Ártico tem vindo a diminuir, descendo 18% por década desde 1979.

Este ano, a Gronelândia perdeu mais de metade da sua superfície terrestre, indica ainda o estudo, salientando que o comportamento das morsas e dos peixes está a ser perturbado pelo aquecimento.

"O declínio no gelo marinho está a mudar drasticamente o habitat das morsas, grandes mamíferos marinhos que usam o gelo para acasalar, dar à luz nas crias, encontrar comida e abrigo das tempestades e dos predadores", lê-se no relatório, segundo o qual "muitas morsas foram obrigadas a arrastar-se até terra no noroeste do Alasca", criando problemas de sobrepopulação.

O relatório revela também que há "um movimento para norte de espécies de peixes subárticos, como o bacalhau, o cantarilho-do-alto e a solha-americana", uma migração que põe em risco a sobrevivência de pequenos peixes do Ártico, que agora enfrentam uma série de predadores com que não estão familiarizados.