19 de novembro de 2013 - 09h11

As doenças associadas ao tabaco estão na origem de 10% da mortalidade anual da população adulta em Portugal, sendo que o consumo nos bares e restaurantes aumentou, ao contrário do que aconteceu nos outros países da UE, constata um relatório que hoje é divulgado pela Direção-geral de Saúde.

O mesmo documento conclui que o tabaco foi responsável pela morte de mais de 10 mil portugueses no ano passado - nada mais, nada menos que 29 pessoas por dia.

Na União Europeia, o tabaco mata anualmente cerca de 700 mil pessoas, estimando-se que em Portugal lhe sejam atribuídas 10.600 mortes em 2012, o que corresponde a 10% da mortalidade global na população com mais de 30 anos.

A região do Alentejo era, em 2011, a que tinha uma maior taxa de mortalidade por doenças associadas ao tabaco, segundo uma nota da DGS sobre o relatório “Portugal – Prevenção e Controlo do Tabagismo em Números”.

Oito em cada dez fumadores foi influenciado por amigos

A esmagadora maioria dos portugueses (mais de 90%) começa a fumar antes dos 25 anos, com oito em cada 10 fumadores a iniciarem o consumo pela influência dos amigos.

Embora num horizonte de 10 anos, entre 2001 e 2011, a experimentação do tabaco entre os adolescentes pareça ter diminuído, entre 2006 e 2011 registou-se uma subida da percentagem de adolescentes que já experimentaram fumar, que o fizeram no último ano ou nos últimos 30 dias.

No Alentejo, a região que em 2011 tinha maior taxa de mortalidade associada ao tabaco, cerca de 70% dos alunos do ensino secundário já experimentaram fumar.

Em Lisboa e Vale do Tejo, no Alentejo e no Algarve a experiência com o tabaco é mais elevada nas raparigas do que nos rapazes do terceiro ciclo e secundário.

A nota da DGS recorda que, segundo o último Inquérito Nacional de Saúde
(2005/2006), 20 por cento dos inquiridos eram fumadores, dentro da
população com mais de 15 anos.

Dados mais recentes apontam para
uma prevalência também na casa dos 20%, com 32% de fumadores entre os
homens e 14% nas mulheres.

Sobre os avisos de saúde impressos nos
maços de tabaco, a DGS conclui que tiveram um impacto em cerca de
metade dos fumadores e ex-fumadores portugueses, com 7% a sentirem-se
encorajados a fumar, 20% a fumar menos e 22% a aumentarem os seus
conhecimentos sobre os efeitos do tabaco.

Entre os fatores que
mais influenciam a escolha do tabaco estão o sabor, a marca e o preço,
tendo Portugal um nível de preço dos cigarros abaixo da média europeia.

Nova lei do tabaco em 2014

A
nova lei sobre o tabaco, que deverá ser aprovada no próximo ano após a
conclusão de uma diretiva europeia sobre a matéria, vai proibir o
consumo de tabaco em todos os espaços públicos fechados e aumentar o
espaço destinado aos avisos de saúde nos maços de tabaco

Numa
conferência em Lisboa, Leal Da Costa, secretário de Estado da Saúde,
disse na semana passada que a nova lei está pronta, mas que vai aguardar
a conclusão da diretiva europeia, porque não faz sentido transpor uma
diretiva quando outra mais recente está praticamente concluída.

"Tendo
eu indicações de Bruxelas de que ainda este ano ou no começo do ano que
vem estará publicada (a diretiva), não faria muito sentido estamos a
transpor uma diretiva que estava caducada quando temos uma nova", disse
Fernando Leal da Costa, explicando que em causa está, por exemplo, a
dimensão dos avisos que são colocados nos maços de tabaco (que vão ser
maiores).

SAPO Saúde com Lusa