Doentes que recorriam ao setor privado estão a começar a transferir-se para as unidades públicas, alerta a Ordem dos Enfermeiros, avisando que o Serviço Nacional de Saúde só conseguirá responder ao aumento de procura com mais recursos humanos.

“Por um lado há diminuição de financiamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Por outro lado, o SNS está a ser confrontado com um aumento de procura. O rendimento das pessoas diminui e quem recorria ao privado está a transferir-se para o setor público”, afirmou à agência Lusa Jacinto Oliveira, vice-presidente do Conselho Diretivo da Ordem.

O responsável lembra ainda que em momentos de crise a situação da saúde das populações se agudiza, aumentando ainda mais a procura dos serviços de saúde.

“Se estamos perante um quadro de baixa de recursos humanos, nomeadamente enfermeiros, significa que vamos ter mais pessoas a precisar de cuidados sem que os mesmos possam ser disponibilizados”, frisou Jacinto Oliveira.

Para os enfermeiros, a única forma de suprir o aumento da procura é contratar mais profissionais.

No caso dos enfermeiros, o número de profissionais nos serviços públicos portugueses está muito abaixo do necessário.

Segundo dados da Ordem, os enfermeiros nos serviços públicos “estão a ser usados a uma taxa de 150%”, ou seja, onde está um enfermeiro deveria estar pelo menos um e meio.

Os números foram aferidos num grupo de trabalho conjunto entre a Ordem e o Ministério da Saúde, que chegou a conclusões finais em meados deste ano, ainda no tempo da anterior ministra da Saúde, Ana Jorge.

A Ordem diz que seriam necessários pelo menos mais 3500 enfermeiros só nos centros de saúde, que se juntariam aos atuais 7.500. Nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde trabalham atualmente cerca de 34 mil enfermeiros, um número também aquém do necessário.

Os profissionais alegam ainda que, num ano, o trabalho de um enfermeiro acrescenta ao sistema um valor de 46 mil euros, contra um custo de apenas 20 mil.

Sobre o novo Governo, Jacinto Oliveira lamenta que as únicas notícias vindas do Ministério da Saúde sejam a dispensa de enfermeiros na Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo.

21 de outubro de 2011

Fonte: Lusa