O Ministério da Saúde aposta na Consulta Multidisciplinar do Pé Diabético com integração da podologia nos cuidados primários de saúde de forma a reduzir as taxas de amputação do pé diabético. A presença do podologista na consulta do pé diabético especializada na avaliação, orientação e prevenção de patologias do pé, assim como o seu tratamento, vai permitir reduzir inequivocamente esta catástrofe.

Para além dos 15 hospitais públicos com consulta de podologia o SNS reforça os cuidados de saúde primária na atenção ao Pé Diabético.

“O pé diabético é visto como a principal causa de amputação da extremidade inferior, mais do que uma complicação da diabetes, deve ser considerado como uma condição clínica complexa, que pode acometer os pés e, ou tornozelos de indivíduos diabéticos. Assim, pode reunir perda da sensibilidade dos pés, a presença de feridas complexas, deformidades, limitação de movimento articular, infeções, amputações, entre outras”, afirma Manuel Portela, Presidente da Associação Portuguesa de Podologia (APP)

A abordagem deve ser especializada e deve contemplar um modelo de atenção integral (consciencialização e educação, qualificação do risco, investigação adequada, tratamento apropriado das feridas, cirurgia especializada, aparelhamento customizado e reabilitação integral), objetivando a prevenção e a restauração funcional da extremidade. Dados epidemiológicos demonstram que o pé diabético é responsável pela principal causa de internamento do portador de diabetes.

A previsão para o ano de 2025 é de mais de 450 milhões de portadores de diabetes, destes, pelo menos 25% vão ter algum tipo de comprometimento significativo nos seus pés. Atualmente, estima-se que, mundialmente, ocorram duas amputações por minuto à custa do pé diabético sendo que 85% destas são precedidas por úlceras.

Estima-se que 15% dos doentes diabéticos desenvolvem uma úlcera nos membros inferiores durante os anos de doença e que 85% das amputações têm um historial de úlceras diabéticas. As complicações que ocorrem nos pés destes doentes vão proporcionar uma diminuição da qualidade de vida destes indivíduos e um grande custo aos serviços de saúde.

A taxa média de amputação do pé diabético em Portugal é de 5,4 por 100 mil habitantes. A zona Norte do país tem uma taxa de 3,4 /100 mil habitantes, de acordo com o Observatório Nacional da Diabetes.

Uma amputação no pé implica custos que podem atingir os 25 mil euros, estimando-se que os custos com as amputações em Portugal podem chegar aos 25 milhões de euros por ano. Despesas diretas com a cirurgia, reabilitação do pé e do doente, abstinência laboral e os transportes são os fatores que mais pesam no orçamento da Saúde e da Segurança Social com as amputações dos doentes diabéticos.

“Esta medida é um forte investimento na melhoria da saúde da população, especialmente dos doentes diabéticos, permitindo melhor mobilidade, menos incapacidade e certamente com menos amputações”, conclui Manuel Portela.