O Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte reuniu hoje com o Conselho de Administração do Hospital Pedro Hispano para discutirem a alteração do regulamento do Sistema Informático de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC) que introduz um corte da remuneração aos assistentes operacionais que prestam serviço no Serviço de Esterilização, explicou hoje à Lusa Jorge Braga, jurista daquele sindicato, à margem do encontro.

“O Sindicato não conseguiu evitar e prosseguiu com um pré-aviso de greve, com início a 21 [de abril]; pré-aviso esse que será extensível aos sábados e domingos por tempo indeterminado e que obviamente vai custar caro ao Hospital de Matosinhos, porque há intervenções que vão ser adiadas”, declarou Jorge Braga.

O sindicato acusa a administração hospitalar de querer pagar as cirurgias no âmbito do SIGIC como horas extraordinárias, “algo que o próprio regulamento da unidade não permite”.

A greve avança então no dia 21 de abril e a partir daí haverá greve aos fins de semana, “até que o hospital repense a situação”, acrescenta Jorge Braga.

O montante a remunerar a estes trabalhadores vai ser redistribuído pelo resto da equipa, pelos médicos e enfermeiros, observou Jorge Braga, referindo que os valores a pagar aos trabalhadores do serviço de esterilização do Hospital Pedro Hispano “são irrisórios”, mas que para assistentes operacionais “é muito dinheiro”.

Os hospitais têm uma verba para as SIGIC, ou seja para as intervenções cirúrgicas programadas fora da pressão normal do hospital. Essas cirurgias necessitam de pessoal médico, enfermeiros e de assistentes operacionais do bloco, que procedem à limpeza e desinfeção das salas e de assistentes que procedem à esterilização de todo o material cirúrgico.

“São esses que a administração do Hospital Pedro Hispano está a dizer “que não integram a equipa de cirurgia, que não precisam deles para nada e portanto vamos ver quem de facto faz falta ou não”, concluiu o jurista, alertando que apesar de serem apenas oito pessoas que estão em questão, podem levar a que “efetivamente muitas operações cirúrgicas deixem de se fazer”.

Aqueles oito assistentes estavam a receber 2,5% do rendimento associado à participação nas cirurgias, enquanto os médicos recebem, por exemplo, cerca de 40%, mas a partir deste mês de abril os oito trabalhadores deixam se receber esse rendimento associado às SIGIC, adiantou Jorge Braga.