O sarampo foi eliminado em Portugal. No entanto, como as doenças e os vírus não conhecem fronteiras continua a haver risco de importação de casos de doença de outros países, podendo dar origem a casos isolados ou surtos, mesmo em países onde a doença foi eliminada.

O sarampo é uma doença altamente contagiosa causada por um vírus, sendo mesmo das infeções virais mais contagiosas. Geralmente é propagada pelo contacto direto com secreções nasais ou da faringe e por via aérea.

Na sequência do comunicado emitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no dia 28 de março de 2017, alertando para a situação do sarampo em vários países da Europa, a Direção-Geral da Saúde (DGS) relembra que a vacinação é a principal medida de prevenção contra esta doença.

Por isso, a DGS recomenda a vacinação contra o sarampo, que é gratuita. "Estamos realmente preocupados, porque o sarampo estava eliminado e tínhamos sido, até aqui, um país livre da doença, devido ao programa de vacinação, sobretudo das crianças, com uma vacina que deve ser administrada aos 12 meses de idade", diz o Diretor-Geral da Saúde, Francisco George.

Risco endémico em vários países

O sarampo é uma doença com possibilidade de eliminação dada a sua transmissão exclusivamente inter-humana e a existência de uma vacina eficaz e segura; no entanto mantém-se endémico em vários países asiáticos e africanos.

Na Europa, a OMS, em 2005, implementou o Programa de Eliminação do Sarampo, tendo como meta o ano de 2010. Esta meta foi alterada para 2015, pois a situação epidemiológica agravou-se, com surtos na maioria dos países europeus. A DGS tem emitido circulares, orientações, informações e comunicados, que no seu conjunto têm constituído as bases do Programa de Eliminação do Sarampo em Portugal.

O que é este programa?

O Programa Nacional de Eliminação do Sarampo é um documento único que promove a definição dos objectivos e estratégias e sua operacionalização através de ações aos vários níveis de cuidados.

Estas ações permitirão colmatar assimetrias nas coberturas vacinais, aumentar a capacidade de deteção, notificação, investigação e resposta a casos, de forma a manter a ausência de circulação do vírus do sarampo em Portugal. Se não está vacinado, vacine-se no centro de saúde mais próximo.

Casos em Portugal

A Direção-Geral da Saúde (DGS) revelou que Portugal registou, desde o início do ano, 21 casos de sarampo confirmados e 15 em investigação.

Francisco George refere que Portugal estava avisado para o surgimento de eventuais casos de sarampo, “depois de a Organização Mundial da Saúde ter comunicado que havia esse risco, quando identificou bolsas importantes da população que não vacinavam os seus filhos”. “Apesar da pouca expressão de crianças não vacinadas em Portugal, estávamos avisados e numa posição muito atenta, com o reforço da vigilância”, sublinhou.

Vacina aos 12 meses

Segundo o Diretor-Geral da Saúde, a vacina é para ser administrada aos 12 meses de idade, com um reforço aos 5 anos, sendo muito eficaz na proteção do sarampo. "O nosso apelo é para que todas as crianças destas idades tenham a vacina em dia e que os pais e mães não deixem de vacinar as crianças, porque não podem dispor do destino da saúde dos seus filhos, as crianças não podem ter a sua saúde exposta a riscos, porque não têm poder de decisão", destaca o médico.

Francisco George alertou ainda para o perigo que o sarampo representa, sendo uma das infeções virais mais contagiosas, cuja transmissão é feita à distância, por via aérea, através de gotículas ou aerossóis.

Sintomas

O sarampo manifesta-se pelo aparecimento de pequenos pontos brancos na mucosa oral cerca de um ou dois dias antes de surgirem erupções cutâneas, que inicialmente surgem no rosto. O período de incubação pode variar entre sete a 21 dias, o contágio dá-se quatro dias antes e quatro dias depois de aparecer o exantema (erupções cutâneas).

"Uma criança que tenha sarampo, antes mesmo de surgir a expressão cutânea, uma vermelhidão [as manchas vermelhas] que designamos por exantema, são manchas que acompanham um quadro respiratório catarral, o muco nasal, expetoração e outros sintomas como os olhos pegados", indicou o médico Francisco George.

O sarampo tem habitualmente uma evolução benigna, mas pode desencadear complicações como otite média, pneumonia, convulsões febris e encefalites. Pode ser grave e até levar à morte. Os adultos têm geralmente a doença mais grave que as crianças.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2015 morreram em todo o mundo mais de 134 mil pessoas devido ao sarampo, o que significa 367 óbitos diários e 15 por hora.

Vacinação

A vacinação é a principal medida de proteção contra o sarampo. As vacinas conseguiram mesmo reduzir a mortalidade por sarampo em quase 80% entre 2000 e 2015 a nível mundial. A OMS estima que tenham sido prevenidas pela vacinação 20,3 milhões de mortes nesse período.

"A vacinação do sarampo começou há cerca de 35 anos e, portanto, são poucos os médicos que conhecem o sarampo. É, por isso, que estamos preocupados. Estamos a falar de uma doença que tinha um diagnóstico fácil quando era frequente", conclui o diretor-Geral da Saúde.

A vacina contra o sarampo é gratuita e está incluída no Programa Nacional de Vacinação (PNV), devendo ser dada em duas doses, aos 12 meses e aos cinco anos. Contudo, não é obrigatória porque não há vacinas obrigatórias em Portugal. É altamente recomendada pelas autoridades de saúde, médicos e pediatras, devendo ser cumpridas as duas doses nas idades indicadas no Programa de Vacinação.

Portugal tem uma elevada taxa de imunização contra o sarampo, que ronda os 95%. Consideram-se já protegidos contra o sarampo as pessoas que tiveram a doença ou que têm duas doses da vacina, no caso de menores de 18 anos, e uma dose quando se trata de adultos.

Como tratar?

Procure um médico. O tratamento do sarampo passa, essencialmente, pelo alívio dos sintomas. Portanto recomenda-se repouso, banhos de água morna e loções calmantes que aliviem a comichão. Se for caso disso e se o seu médico achar oportuno, receitará medicação para baixar a febre.

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