Os projetos são incluídos, pela primeira vez, no relatório deste programa, um dos programas de saúde prioritários da Direção-Geral da Saúde (DGS), e abrangem grupos populacionais diversos como os reclusos, os utilizadores de drogas ou os doentes que fazem diálise.

Numa nota hoje divulgada, a DGS salienta que, numa altura em que o número de novos casos notificados está abaixo dos 200 por ano, a aposta nestes projetos “depende muito da liderança das organizações não-governamentais”, a quem reconhece “o papel preponderante e de proximidade com as comunidades, nomeadamente no rastreio da hepatite B e C”, com tendência crescente desde 2014.

Um projeto piloto sobre a hepatite C abrangendo população sem abrigo do Grande Porto, que inclui rastreio, diagnóstico e tratamento, outro sobre redução de riscos e minimização de danos, que abrange intervenção de proximidade com pessoas que utilizam drogas no concelho de Espinho e outro que envolve a redução de riscos associados ao consumo de substâncias psicoativas e trabalho sexual nas freguesias de Barcelos, Arcozelo e Feitos, no concelho de Barcelos, são alguns dos projetos apontados.

O documento inclui ainda, como exemplo, o projeto Tolerância Zero, de eliminação da hepatite C na Figueira da Foz, um outro de intervenção de microeliminação da hepatite C em utentes internados para desabituação na Unidade de Desabituação de Coimbra, o SARA VI – Serviço Anónimo de Rastreio e Aconselhamento, em Leiria e na Marinha Grande, e também um projeto de rastreio e tratamento do vírus da hepatite C dirigido a população sem abrigo, pessoas que consomem substâncias psicoativas e pessoas migrantes na cidade de Lisboa.

Questionado pela Lusa, o diretor do Programa Nacional para as Hepatites Virais, Rui Tato Marinho, disse que a decisão de incluir estes projetos no relatório funciona como “uma homenagem” às organizações não governamentais envolvidas e ao trabalho que desenvolvem.

“Eles estão no terreno, vão dar alimento a estas pessoas, vão ajudar a recuperar, vão levá-los aos médicos. É uma forma de nós prestarmos homenagem a um trabalho extremamente importante. E estamos a falar de 50.000 portugueses que poderão viver nestas condições”, afirmou.

Rui Tato Marinho destacou o trabalho “extremamente importante” destas organizações e o seu “contributo social elevadíssimo”.

“Inclusivamente, contribuem para a pacificação social, pois muitas destas pessoas poderiam estar na prisão ou a fazer outras coisas menos próprias”, acrescentou.

Lembrou igualmente que estas organizações acabam também por contribuir para o controlo de algumas doenças psiquiátricas: “Se não fossem elas, [os doentes] não faziam medicação”.

“Fazem um trabalho fantástico, muitas vezes não valorizado, porque são pequenas associações e médias associações, mas a quem o país deve muito. Na realidade, ajudam a salvar vidas, como nós, e também promovem a ligação destes cuidados mais de proximidade aos hospitais, onde se fazem os cuidados mais diferenciados”, sublinhou.

Este projeto dos microeliminadores envolveu igualmente o Infarmed e entre 15 a 20 organizações convidadas.