Em janeiro deste ano, foram registados pelo Observatório Nacional da Violência Contra os Profissionais de Saúde no Local de Trabalho 33 casos de violência contra profissionais de saúde, sendo que no ano de 2014 houve um total de 531 notificações, dando uma média de 44,3 episódios por mês e 1,45 por dia.

O número de casos em 2014 mais que duplicou face ao registo de 2013, que se situou nos 202 casos, sendo que o número de notificações tem vindo a aumentar desde 2007, ano em que se registaram 35 casos.

Em 2013, as notificações, realizadas no “site” da DGS, de forma voluntária e anónima, foram feitas na sua maioria por profissionais de saúde do sexo feminino.

A Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) apresentou o maior número de notificações em 2013, 87, seguida da ARS de Lisboa e Vale do Tejo, com 69 notificações.

Das 202 notificações, o espaço físico mais referido, segundo a DGS, foi "a consulta externa" e os "serviços médicos", com 59 e 19 episódios respetivamente.

Quarenta e cinco por cento dos agressores em 2013 eram doentes, 34% profissionais de saúde e 16% familiares dos doentes, informou a DGS.

Mais de metade dos agressores são do sexo feminino e o grupo "etário predominante é de 40 a 49 anos, seguido do grupo etário de 50 a 59 anos".

Oitenta e um profissionais de saúde alvo de violência no local de trabalho referiram ainda estarem muito insatisfeitos quanto "à gestão do episódio de violência por parte da instituição".

Para além de os profissionais acabarem por "reportar mais" estas situações, o aumento poderá estar relacionado com um motivo "mais indireto, que é a situação global que as pessoas estão a viver", disse à agência Lusa Carlos Cortes, presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM).

"As pessoas estão insatisfeitas no seu dia-a-dia e expressam com violência as suas emoções no hospital e nos centros de saúde", explanou, sublinhando que os utentes também se mostram "insatisfeitos com aquilo que lhes está a ser dado", em termos de cuidados de saúde, havendo "dificuldades nos transportes, na aquisição de medicamentos e pagamento das taxas moderadoras", apontou.

A própria Ordem tem-se apercebido de um aumento de situações de "violência física e psicológica", estando a constituir um grupo multidisciplinar dentro da secção para responder a estes casos.

Carlos Cortes salientou ainda que as próprias instituições têm de "dar apoio ao profissional", sendo reportado à Ordem que, muitas vezes, as vítimas deste tipo de violência "se sentem desprotegidas".