O secretário regional da Saúde, Luís Cabral, havia já anunciado em fevereiro de 2015 o alargamento do rastreio do cancro colorretal a todas as ilhas do arquipélago, nesse ano, depois de uma experiência piloto em 2014 na área de influência do hospital da Horta, ilha do Faial.

Vasco Cordeiro referiu, contudo, que o alargamento decorrerá em 2016.

“Quero deixar uma palavra de apreço pelo trabalho que é feito pelo Centro de Oncologia dos Açores e pelos rastreios que tem lançado e posto ao serviço dos açorianos, que são um aspeto fundamental para que, também nesse domínio, a região possa fazer o seu caminho e orgulhar-se do que faz”, declarou Vasco Cordeiro.

O chefe do executivo açoriano, que falava hoje em Ponta Delgada na inauguração da Clínica de Radioncologia dos Açores Madalena Paiva, a primeira do género no arquipélago, disse ainda que o rastreio do cancro da mama já abrangeu cerca de 70 mil açorianas e o do colo do útero 40 mil pessoas.

Reconhecendo que o projeto agora inaugurado foi confrontado com “várias vicissitudes”, Vasco Cordeiro declarou que a Clínica de Radioncologia dos Açores é uma “vitória da determinação, da persistência, mas também da confiança” na parceria com a empresa José Chaves Saúde, responsável pelo projeto.

O líder do Governo Regional considera que o “grande mérito” da obra agora inaugurada não está na sua parte física, mas em “algo imaterial que não se consegue quantificar” e que assenta no facto de um açoriano afetado por uma doença oncológica poder recorrer a tratamentos na região, próximo do conforto da família.

Desejando que em cada uma das ilhas dos Açores houvesse uma infraestrutura de radioncologia, o que disse não ser possível hoje, o governante declarou que foi dado um passo importante com este investimento, que constitui “mais um exemplo para que os açorianos tenham orgulho” no Serviço Regional de Saúde, apesar de admitir que há aspetos a melhorar.

“Se os açorianos passam a dispor deste serviço é porque têm uma autonomia que assume esta como sua função”, defendeu Vasco Cordeiro.

O governante referiu que este é um “exemplo concreto, palpável e meritório” do que o regime em vigor nos Açores coloca ao serviço da população, o que surge por analogia quando se fala de autonomia como algo “abstrato e isotérico”.

Na sua opinião, as entidades públicas devem desenvolver medidas e ações que podem influenciar comportamentos de risco para combater o surgimento das doenças oncológicas, havendo a necessidade de agir em domínios como o consumo do tabaco e do álcool.

José Chaves, presidente do conselho de administração da empresa José Chaves Saúde, congratulou-se com o facto de “finalmente”, mais de uma década depois, este projeto estar materializado, tendo sido o “mais demorado de muitos que a empresa tem desenvolvido”.

O Centro de Radioncologia dos Açores terá capacidade para tratar 500 doentes por ano, evitando a deslocação de pacientes oncológicos para o continente.

O equipamento era inicialmente uma parceria público-privada, mas depois de ter sido recusado por duas vezes o visto pelo Tribunal de Contas, o executivo regional abandonou esta ideia, passando o projeto a ser um investimento privado.