17 de junho de 2014 - 12h01
A Quercus alertou hoje para a necessidade de preparar as Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) para tratar os novos poluentes que estão a emergir, entre os quais os pesticidas, a par de reduzir a sua utilização.
“Não tenho conhecimento de estudos com dados concretos de existência de pesticidas em cursos de água, nacionais mas temos fortes suspeitas que assim seja. Temos um uso muito alargado de pesticidas no país”, afirmou, em declarações à agência Lusa, Carla Graça, vice-presidente da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza.
Carla Graça reagia assim a um estudo publicado nos Estados Unidos na segunda-feira, que revela que cerca de metade dos rios e outros cursos de água da Europa continental está ameaçada por poluentes químicos, como pesticidas e outras substâncias industriais.
Para a responsável da Quercus, o conhecimento que a associação tem é de que as concentrações ainda "são mínimas” em Portugal, reconhecendo, contudo, haver indícios e indicações de que essas concentrações venham a aumentar no futuro.
“Esse é o novo desafio a nível mundial, dos países desenvolvidos, que ainda não estão preparados para isto. É necessário preparar as ETAR e a capacidade de tratamento para estes novos problemas, para além de tentar reduzir a sua utilização na fonte através de meios alternativos”, sublinhou.
Carla Graça adiantou ainda que, no caso dos pesticidas, há a “noção clara” de que "existem abusos” e que são utilizados em maior quantidade do que aquilo que é necessário, sobretudo por “agricultores com pouca formação na área”.
“Nós, cidadãos comuns, que não trabalhamos na agricultura também abusamos dos medicamentos muitas vezes [que seguem depois para os esgotos]. Há um trabalho de educação e formação para redução destes poluentes na fonte”, vincou.
A mesma responsável alertou também para o uso muito frequente de um herbicida, que é utilizado pelas próprias autarquias para controlar ervas daninhas, e lembrou que a Quercus está já a desenvolver um trabalho de sensibilização para este problema.
“Os pesticidas são muito usados e temos indícios de outras sustâncias que aparecem nas ETAR, nomeadamente medicamentos. Um estudo que li esta semana aponta para a existência de hormonas, contracetivos orais, que ficam nas massas de água”, referiu Carla Graça, alertando uma vez mais que a as ETAR portuguesas “não estão preparadas para tratar estes químicos, chamados poluentes emergentes”.
Por Lusa