A presidente da Sociedade Portuguesa de Psicodrama, Gabriela Moita, afirmou hoje que esta técnica psicoterapêutica se implementou na Saúde Mental em Portugal, referindo a existência de grupos de psicodrama em hospitais e centros de apoio, nomeadamente, a toxicodependentes.

Gabriela Moita falava à agência Lusa a propósito IV Congresso Regional Mediterrânico da IAGP - Associação Internacional de Psicoterapia de Grupo, a decorrer entre hoje e sábado, no Porto.

Subordinado ao tema "Outros mares, novos olhares", este encontro científico conta com a participação de cerca de meia centena de especialistas estrangeiros e inclui a realização de mais de três dezenas de 'workshops' no âmbito do tratamento em Saúde Mental, pedagogia e intervenção social.

O psicodrama é “uma técnica psicoterapêutica com base na ação e na perceção interpessoal, é muito virada para o futuro, para trabalhar o presente e o futuro, naturalmente com a integração do passado, mas é fundamentalmente centrada na eficácia do pensamento em relação ao futuro”, explicou Gabriela Moita, que preside ao congresso.

No encontro serão também assinalados os 25 anos da Sociedade Portuguesa de Psicodrama, tendo sido programada a exibição de uma curta-metragem documental com depoimentos de alguns dos doze psiquiatras que abriram as portas à prática do psicodrama em Portugal (António Roma Torres, José Adriano Fernandes, José Teixeira de Sousa, Lionida Miranda, Rui Mota Cardoso).

Alfredo Correia Soeiro, psiquiatra brasileiro que introduziu a formação em Psicodrama em Portugal, no início dos anos 80, participa também no encontro, com uma comunicação sobre “Moreno e o maniqueísmo”. O psiquiatra Jacob Levy Moreno foi o criador desta técnica psicoterapêutica de grupo nos anos vinte do século passado.

Atualmente, segundo Gabriela Moita, “o psicodrama vive um momento de revitalização a nível nacional e europeu, constituindo-se como uma forma de psicoterapia de larga disponibilidade nos serviços hospitalares e nas comunidades de tratamento de toxicodependentes”.

A presidente do congresso destacou ainda a presença do psiquiatra norte-americano William R. McFarlane, que dirige uma investigação sobre grupos multifamiliares na psicoeducação de famílias com pacientes esquizofrénicos.

“A experiência tem comprovado efeitos na diminuição de recaídas e reinternamentos, procurando-se agora caminhos para uma intervenção precoce preventiva, que permita evitar o aparecimento da doença em pessoas com fatores de risco para a esquizofrenia”, disse.

Conta igualmente com a participação do psiquiatra argentino radicado nos Estados Unidos Carlos E. Sluzki, que tem investigado as consequências emocionais em vítimas de violência política e violência doméstica. No congresso, Sluzki abordará a importância da rede de suporte social na doença física ou psiquiátrica.

Outro dos convidados é Jorge Burmeister, psiquiatra e atual presidente da IAGP, que tem desenvolvido a sua investigação e intervenção na área da resolução de conflitos e da promoção da paz e organiza anualmente um curso de verão sobre grupos e conflitos, na cidade de Granada, em Espanha.

07 de setembro de 2011

Fonte: Lusa