Denominado ‘Bug-killer’, o projeto consiste numa plataforma de nanomedicina para “combater infeções microbianas e promover a regeneração de tecidos”, sintetizou Lino Ferreira, que falava aos jornalistas, hoje, à margem da sessão de anúncio e entrega da distinção, na Sala do Senado da Universidade de Coimbra (UC).

O projeto pretende desenvolver “uma nova formulação biomédica, que associa propriedades antimicrobianas e pró-regenerativas, com elevada eficácia antimicrobiana e propriedades angiogénicas e imunomoduladoras”.

Essa formulação visa dar resposta a “um grande problema de saúde pública a nível mundial, relacionado com a falta de novos fármacos para combater infeções microbianas e um crescente número de fenómenos de resistência aos antibióticos”.

O vencedor do Prémio Inovação Bluepharma/Universidade de Coimbra 2015, ao qual se candidataram 27 projetos candidatos – “todos de grande qualidade”, sublinhou, durante a sessão, o antigo reitor da UC e presidente do júri, Fernando Seabra Santos –, receberá já 20 mil euros, podendo o prémio, contudo, chegar aos 50 mil, caso seja provada a viabilidade de mercado da ideia.

Os dois investigadores distinguidos acreditam que o seu projeto virá a merecer o investimento total de 50 mil euros, pois, para além de já ter a patente registada, acaba de receber, com esta distinção, mais uma “validação”.

Testes clínicos em dois ou três anos

Os testes clínicos poderão “começar daqui a dois/três anos”, admite Lino Ferreira, condicionando, no entanto, esta possibilidade, a fatores como a existência de recursos económicos.

O júri do Prémio, constituído por Carlos Faro, do Biocant, Luís Almeida, da Blueclinical, Sérgio Simões, da Bluepharma, e de Miguel Botto, da Portugal Ventures, para além de Seabra Santos, decidiu também atribuir três menções honrosas a outros tantos projetos, para destacar “o elevado mérito científico de que se revestem”, mas “todos os trabalhos concorrentes foram avaliados de forma extremamente positiva”, sublinhou o antigo reitor da UC.

Os investigadores cujos projetos que lideram foram reconhecidos com menções honrosas são Francisco Miguel da Gama, Ana Rita Duarte e Luís Moutinho.

Estes trabalhos científicos também são de “excelência, a nível internacional, na área das ciências da saúde”, apresentam “elevado potencial de transformação em produtos ou serviços” e possuem “real interesse para a sociedade”, de acordo com os pressupostos do Prémio.

Esta colaboração entre a Universidade de Coimbra e a Bluepharma representa muito bem os novos tempos e não apenas a estratégia que a instituição e a empresa, fundada, há 15 anos, em Coimbra, têm adotado, salientou o reitor João Gabriel Silva.

Do mesmo modo, a evolução do Prémio, que nas suas primeiras edições distinguia dissertações de doutoramento, reflete a transformação da realidade, sustentou João Gabriel Silva, considerando que a tese de doutoramento já não é “o auge, mas é o início de um percurso, com muitas direções”, que “abre horizontes”.

Para o presidente da Bluepharma, Paulo Barradas Rebelo, o Prémio enquadra-se plenamente na estratégia da empresa, que assenta na inovação, no investimento, na internacionalização, na qualidade e nas parcerias (“competir cooperando”).