Criada por anteriores elementos da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Gondomar, no distrito do Porto, a Casa de Acolhimento Residencial Especializada dá abrigo a grupos de 18 jovens do sexo feminino, que ali permanecem até um ano e meio.

“Integrámos a equipa que construiu o modelo terapêutico de intervenção dos Lares de Infância e Juventude e fomos pioneiros no país nesta área”, disse à Lusa a presidente da Gondomar Social, Helena Loureiro, sobre a abertura da que diz ter sido a primeira casa do género em Portugal.

Com uma “resposta especializada e dirigida a jovens com problemas de comportamento que já vêm de casas de acolhimento generalistas”, segundo a responsável, o equipamento tem capacidade para 18 jovens, sendo cinco vagas para todo o país e 13 especificamente para o distrito do Porto. “Na altura [em 2013], a Segurança Social tinha uma necessidade premente e muita rapidamente esgotámos a capacidade”, recordou Helena Loureiro que contou “já estarem no terceiro grupo e que o modelo terapêutico de intervenção não vai além do ano e meio”.

Cumprida a fase de intervenção, explicou a responsável, “podem passar para uma casa de acolhimento generalista, se antes não for possível voltarem para a família ou ter ainda idade para se autonomizar, já que só o podem fazer após os 16 anos”, explicou.

Raquel Pereira, diretora técnica, acrescentou que das 43 raparigas que a GS acolheu e que finalizaram o seu percurso na casa, “uma delas integrou casas generalistas e duas foram para centros de acolhimento temporários por já terem processos-crime e as restantes voltaram para casa ou estão em medidas de autonomia de vida”. Para dar sequência ao processo de autonomia de vida, segundo Helena Loureiro, a associação arrendou um apartamento da Câmara de Gondomar “que está a ser ocupado por três jovens que, não conseguindo voltar para a família nem ainda serem autónomas, passam por uma medida transitória, numa casa com capacidade para cinco pessoas”.

“Nessa casa, as jovens recebem o valor relativo a autonomia de vida, mas a associação faz por elas a procura ativa de emprego e abre-lhes as portas para seguirem o ensino, por exemplo, na EB 23 de Gondomar”, disse.

Já a casa de acolhimento continua a ser um ponto de regresso “agora como visitantes” para muitas das que já saíram, regozijou-se a presidente num contato que as “próprias fazem por manter e que, através dele, foi possível saber que uma das antigas residentes vai candidatar-se à faculdade para seguir enfermagem”, acrescentou Raquel Pereira.

“Nessas visitas elas falam com as residentes, dão-lhes o seu testemunho e ajudam-nos, de forma espontânea, no processo”, frisou Helena Loureiro.

Com lista de espera, “raramente passam muito tempo sem a vaga ficar preenchida, pois há reservas feitas pela Segurança Social”, esclareceu a diretora técnica.

As fugas, que na casa se prefere designar por “ausências sem autorização, já as houve”, admitiu a presidente, que disse “a maioria das raparigas voltou para a instituição, enquanto outras ficaram sob novas medidas de proteção em outras casas”.