2 de julho de 2013 - 16h11
O programa "Esclerose Múltipla para a Medicina Geral e Familiar", que tem início esta tarde em Coimbra, pretende ajudar os médicos a detetar mais precocemente a doença e a agilizar a articulação entre eles e o doente.
Em declarações à agência Lusa, o médico neurologista Luís Cunha, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, explicou que o primeiro objetivo deste projeto de formação passa por "alertar os médicos para a doença e fornecer instrumentos para a deteção mais precoce dos seus sintomas nos doentes".
"Depois, pretende melhorar a articulação entre os doentes, médicos de família e as equipas médicas de acompanhamento nos hospitais centrais", salientou o coordenador-geral do programa, que vai percorrer também os hospitais centrais de Lisboa e Porto.
Segundo Luís Cunha, a esclerose múltipla atinge pessoas adultas, sobretudo mulheres, o que levanta "muitas outras questões" a que os médicos de família devem estar habilitados a responder.
"Por exemplo, questões relacionadas com gravidez, tipo de parto, anticoncecionais, articulação de medicamentos e tempo de duração de tratamento, entre outras, precisam de pontos de articulação para uma melhor gestão da qualidade de vida da doente", salientou o responsável.
Além da necessária articulação, "os médicos de família têm de estar habilitados a efetuar o diagnóstico e acompanhar o tratamento", referiu ainda Luís Cunha, que considera a doença "subdiagnosticada" em Portugal.
O neurologista referiu que já existem métodos que permitem detetar precocemente a doença, embora admita que dos mais de 6.000 portadores de esclerose múltipla existentes em Portugal apenas "três quartos estejam diagnosticados".
Sem dados epidemiológicos que permitam dizer com rigor se a doença tem aumentado, Luís Cunha disse, no entanto, que devido aos "critérios mais precisos de diagnóstico têm sido diagnosticados mais casos" no país.
Em Portugal, estima-se que a prevalência da esclerose múltipla esteja em 50 casos por 100 mil habitantes e que todos os anos surjam 250 novos casos.
"Pela análise das casuísticas hospitalares e do consumo de terapêuticas específicas para esta doença, pode concluir-se que a esclerose múltipla está subdiagnosticada no país, uma situação que tem um impacto negativo na qualidade de vida do doente", refere uma nota do programa de formação, que inclui ainda no comité científico os médicos Maria José Sá (Hospital de São João), Lívia Sousa (CHUC) e João de Sá (Hospital de Santa Maria).
Lusa