Em declarações à Lusa, no final de uma visita à Casa de Saúde da Boavista, Miguel Guimarães considerou tratar-se de uma situação “anormal”, uma vez que “o número de doentes inscritos no Serviço Nacional de Saúde para cirurgia continua elevado, com muitos doentes à espera”.

“Isto significa que ou os hospitais públicos estão a dar saída em tempo correto a todos os doentes que têm que operar ou alguma coisa de estranho se estará a passar”, sublinhou o responsável.

Miguel Guimarães disse ainda que “terá de ser verificado se nos outros hospitais privados na mesma situação, ou seja também inscritos em produção acrescida (doentes operados fora do horário dos médicos e pagos doente a doente) é semelhante”,

A visita hoje realizada à Casa de Saúde da Boavista é a primeira de um conjunto a realizar a outros hospitais privados que visa, entre outros objetivos, avaliar as condições de trabalho dos médicos e o acesso aos meios complementares de diagnóstico e terapêutica e as condições gerais para a formação médica especializada.

“Temos neste momento em Portugal um problema no acesso a vagas de especialidade, nomeadamente nos hospitais públicos, estamos também, por isso, a verificar se existem ou não nestes hospitais condições de idoneidade e capacidade formativa para ajudar a colmatar essas dificuldades”, disse.

A este propósito, o presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos criticou as declarações proferidas segunda-feira pelo reitor da Universidade de Coimbra a propósito dos números clausus em Medicina.

Na sua edição de hoje, o Diário de Coimbra conta que João Gabriel Silva “deu a entender que não é defensor da diminuição dos ‘numerus clausus’ em medicina” como pretendem a Ordem dos Médicos, a Associação Nacional dos Estudantes de Medicina e o núcleo de estudantes de medicina da Universidade de Coimbra.

“Seria muito difícil de explicar à sociedade, quando há tanta gente com vontade de tirar o curso de Medicina com Coimbra que lhe cortamos essa possibilidade”, disse o reitor, considerando que a Universidade de Coimbra “tem a obrigação de criar essa possibilidade e tem de ser capaz de responder a esses anseios” mesmo que “um curso não dê garantias de emprego”.

Questionada pela Lusa, Miguel Guimarães disse que “a universidade não tem de garantir emprego a toda a gente, mas há uma coisa que a universidade tem obrigação de garantir que é a qualidade da formação pré-graduada. E tem que a garantir a todas as áreas da universidade”.

“E, neste momento, porque o numerus clausus é excessivamente elevado, quase todas as escolas médicas tem quase o dobro dos estudantes de medicina que deveriam ter, a realidade é que na fase clínica do ensino médico estes estudantes estão a ser prejudicados, não estão a ter exatamente o ensino que deviam ter porque estão estudantes de medicina a mais nas faculdades”, acrescentou.