Uma equipa internacional de cientistas, incluindo portugueses, vai estudar o comportamento do parasita que causa uma doença infeciosa em vacas na África Subsariana, onde é fonte de sustento familiar, num trabalho financiado em 2,2 milhões de euros.
Da equipa fazem parte investigadores do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa, liderados por Luísa Figueiredo, coordenadora do laboratório de Biologia do Parasitismo.
A doença chama-se nagana e é provocada pelo parasita tripanossoma, que é transmitido aos animais pela picada da mosca tsé-tsé (nas pessoas, o mesmo género de parasita causa a doença do sono).
"Conhece-se muito pouco como estes parasitas tornam a vaca doente (...). Não compreendemos como é que as vacas podem estar tanto tempo, tantos anos às vezes, infetadas pelo parasita", disse à Lusa a investigadora Luísa Figueiredo, realçando que a nagana "é uma doença veterinária que tem um impacto económico grande", já que os animais "são um meio de subsistência das famílias que vivem em ambientes rurais". "A produção de leite é menor, a fertilidade é menor, a vaca dá menos dinheiro", assinalou.
O grupo de cientistas propõe-se estudar as estratégias usadas pelo parasita para "conseguir escapar às defesas das vacas" e perceber como se distribui e se adapta no organismo. Deste modo, será possível, segundo Luísa Figueiredo, "descobrir pontos fracos" no parasita que possam ser um alvo para medicamentos mais eficazes ou vacinas.
Parasita engana o sistema imune
Na doença do sono, o parasita é conhecido por enganar o sistema imunitário, uma vez que este não consegue reconhecê-lo e eliminá-lo: ao entrar na corrente sanguínea, o tripanossoma altera as proteínas na sua superfície.
O estudo, a concretizar num prazo de quatro anos, envolve também a participação de cientistas de instituições da Alemanha, do Reino Unido e dos Estados Unidos, sendo financiado pela Wellcome Trust, uma fundação britânica que apoia a investigação biomédica para melhorar a saúde humana e animal.
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