17 de abril de 2013 - 09h31
O diretor do Instituto de Higiene e Medicina Tropical admite que Portugal continental possa enfrentar um surto de uma doença tropical como a malária ou a chickungunya, mas acredita que o país estará preparado para responder a essa eventualidade.
Em entrevista telefónica à Lusa a propósito do II Congresso Nacional de Medicina Tropical, que decorre entre 22 e 23 de abril, Paulo Ferrinho admitiu que a comunidade científica está preocupada com os recentes surtos de doenças tropicais, nomeadamente o de dengue na Madeira e os de chickungunya em Itália e na Grécia.
No entanto, afirmou que Portugal está preparado para a entrada dessas doenças no continente, exemplificando com o facto de a Direção-Geral da Saúde ter formado um grupo de trabalho para preparar o sistema para essa eventualidade.
"Mostra que estamos atentos, estamos a desenvolver as infraestruturas necessárias e estamos a formar os nossos profissionais para estarem preparados. Acho que vamos estar preparadíssimos se isso acontecer", disse.
Uma doença que o especialista acredita que, "mais tarde ou mais cedo", chegará a Portugal é a chickungunya, transmitida por um mosquito e que tem avançado ao longo da costa do Mediterrâneo.
Trata-se de uma doença febril que dá dores articulares fortes. "Tem presença tropical, mas o mosquito é cosmopolita e tem-se espalhado pelo mundo", alertou, lembrando que os surtos locais registados em Itália e na Grécia foram rapidamente controlados e não têm permanecido como doenças endémicas.
Paulo Ferrinho admitiu também que a malária, erradicada de Portugal na década de 1960, "é sempre um problema".
"É preciso estar atento e ter a certeza que o mosquito [existente em Portugal] não é infetado pelo plasmódio e não transmite a malária à população", referiu.
Definir prioridades na investigação das doenças tropicais e alertar a população para problemas como o dengue e a malária são objetivos do congresso de Medicina Tropical, que decorre em Lisboa na próxima semana, com a participação de cerca de 300 especialistas.
Em março, a Direção-Geral da Saúde considerou controlado o surto de dengue que surgiu em outubro na Região Autónoma da Madeira e que resultou, até hoje, em 2.170 casos registados.
Embora o congresso, que encerra as comemorações do 110 anos do IHMT, comece apenas na segunda-feira, os cientistas podem participar em encontros satélite, cursos e ‘workshops’ que decorrem entre sexta-feira e sábado, num período que a organização chama de “pré-congresso”.
Lusa